Marino Silva

Por GN em

Marino Silva, na capa de um dos seus discos

Marino Silva

Santa Maria, Sal, 1931 – Lisboa, Portugal, 2023

Cantor, instrumentista (violão)

Marino Silva, filho de um oficial da marinha mercante portuguesa, nascido na ilha do Sal, transfere-se aos 15 anos para Portugal, para fazer os estudos secundários, e aí fica a residir definitivamente. Em finais da década de 1950, depois de Fernando Quejas ter sido durante vários anos o único cabo-verdiano a gravar e a atuar regulamente em Portugal, Silva começa também a gravar. A primeira vez terá sido em 1958, um EP que divide com a cantora Maria da Luz.

Começa ao mesmo tempo a fazer programas na rádio – “Participei dezenas de vezes do programa Serão dos Trabalhadores, da então Emissora Nacional”, recorda (Cabo Verde & a Música Dicionário de Personagens). “Naquela época era difícil, quase não havia músicos cabo-verdianos para acompanhar. Quando sabia que estava em Lisboa alguém que tocava cavaquinho ou violão, entrava em contato, ensaiávamos, fazíamos um programa ou a gravação de um disco. Mas estavam só de passagem, a própria comunidade cabo-verdiana era pequena e músicos era o que não havia, com capacidade. Era muito sacrifício para fazer alguma coisa.”

Depois, começa a ir à televisão, atua em festivais e acompanha diferentes artistas. Ima Costa (nome artístico de Fátima Alfama), por exemplo, grava um EP e um LP com acompanhamento de Marino Silva e seu conjunto, nessa época. Gravou também acompanhando Titina.

Em 1972, Marino Silva grava Madrugada, primeiro disco produzido por Armando Carrondo, produtor português que virá a editar um grande número de discos de música cabo-verdiana. Naquela altura, com o seu violão, o músico acompanha em gravações Tazinho e Jovino dos Santos. Mais tarde, irá gravar também com o Voz de Cabo Verde. Nesse começo da década de 1970, Frank Mimita acompanhava-o habitualmente ao cavaquinho, e fizeram vários programas na rádio, assim como com Armando Tito e Luís Rendall, com quem tem uma morna em parceria. Também nessa época, queixa-se, “não havia muitos músicos, tinha que desenrascar com os que iam aparecendo, muitos eram marítimos…”. Miquinha, na altura estudante de Direito em Lisboa, tocou também com Marino Silva, que gravou algumas composições suas. Dany Silva, por sua vez, já músico profissional, era sempre o baixista.

A partir dos anos 1980, afastou-se dos estúdios, na sequência de um forte abalo emocional devido à morte do filho. Quando retoma as atividades musicais, é só em círculos reduzidos, entre amigos, ou em espaços da comunidade cabo-verdiana que se apresenta. De qualquer forma, a música para este artista foi sempre um hobby, já que trabalhou na Câmara Municipal de Lisboa até a reforma, como chefe de serviço.

Marino Silva ficou de 1946 a 1975 sem regressar a Cabo Verde. Depois, voltou em 1989 e em 1998, desta vez para atuar durante o Congresso de Quadros Cabo-Verdianos na Diáspora.

Discografia

  • Marino Silva e Maria da Luz, EP, Alvorada, Porto, 1958.
  • Marino Silva, EP, Alvorada, Porto, [déc. 1960].]
  • Mornas de Cabo Verde, EP, Alvorada, Porto, [déc. 1960].
  • Cai no mar, EP, Gramophone, [Portugal], 1960.
  • Corpin sabe, EP, Planisom, Lisboa, [déc. 1960].
  • Marino Silva e seu conjunto, EP, [?], [Portugal], [déc. 1960].
  • Mornas e coladeiras, EP, Alvorada, Porto, [déc. 1960].
  • Marino Silva, EP, [?], [Portugal], 1960, [déc. 1960].
  • Mornas e coladeras por Marino Silva, EP, Alvorada, Porto, [déc. 1960].
  • Mornas Cabo Verde, EP, Alvorada, Porto, [déc. 1960].
  • Marino Silva, EP, Planisom, Lisboa, [déc. 1960].
  • Marino Silva, EP, Alvorada, Porto, 1963.
  • Mornas coladeras, EP, Alvorada, Porto, 1969.
  • Madrugada, EP, Electromovel, Lisboa, 1972.
  • Cabo Verde, EP, Alvorada, Porto, 1973.
  • Muzka e folklor de Cabo Verde, LP, Carrondo Records, Lisboa, 1973. Reedição em CD, Sons d’Africa, Série Sodad 2.
  • Capadêra, EP, Imavox, Lisboa, 1973.
  • Cabo Verde, EP, Alvorada, Porto, 1974.
  • Folclore de Cabo Verde, EP, Imavox, Lisboa, 1974.
  • Na cabeça de quem?, LP, Do-La-Si, Lisboa, 1974. Reedição em CD, Sons d’Africa, Série Sodad 8.
  • Cabo Verde, EP, [?], [Portugal], 1975.
  • Morna pa mamã, LP, Electromovel, Lisboa, 1975. Reedição em CD, Sons d’Africa, Série Sodad 5.
  • Bobista dja manchê, LP, VCV, Lisboa, 1976.
  • Mazurca popular de Santo Antão, EP, VCV, Lisboa, 1976.
  • Karaté, LP, VCV, Lisboa, 1977.
  • Karaté, EP, VCV, Lisboa, 1979.
  • Temas gravados por Marino Silva aparecem na coletânea Mornas/Coladeras Cabo Verde, 1984.

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