Cabo Verde Show (II)

Por GN em

Grupo, 1977

A história do Cabo Verde Show é cheia de altos e baixos, fins e recomeços e uma longa lista de integrantes. O grupo foi formado nos arredores de Paris por cinco rapazes provenientes de Dakar: as duplas de irmãos Silva – Luís (bateria) e Mário (percussão, mais tarde trompete) – e os irmãos Mendes – Gérard (guitarra e voz), que mais tarde assume o nome artístico Boy Gé Mendes, e Jean-Claude (percussão) – e Manu Lima (voz, teclados). A eles se associaram, na gravação do primeiro disco, intitulado Recordo pensa, Patrick Molot (guitarra, baixo), Eça Monteiro (guitarra) e Manuel Gomes “Manuna” (percussão e voz).

Já no segundo álbum, dois anos depois, a formação apresenta mudanças, com a saída dos irmãos Silva e a entrada de Serge Marne (bateria, percussão), Anne Sallah (baixo) e John Matias (sax, violão). No terceiro, novas mudanças, com a saída dos Mendes e a entrada de René Cabral como percussionista. No disco seguinte, Novas Alegria, Cabral aparece como artista principal, acompanhado pelo Cabo Verde Show. Entre outros músicos que passaram em algum momento pelo grupo, como membros ou contratados pontualmente, constam, segundo as capas: Mimis Évora (Almir Évora, guitarra), Miguel Yamba (baixo), Christian Siba (percussão), Serge Dasylva (guitarra), Denis Hekimian (bateria).

“Filhos de cabo-verdianos nascidos na cosmopolita Dakar, receberam influências de ritmos africanos, caribenhos e outros, e expressaram o seu próprio sentir cabo-verdiano.”

Valdir Alves, Visão, dez. 1998

Em 1984 o Cabo Verde Show estava desfeito e Manu Lima passou a tocar teclados no Sun of Cap, no qual Djô da Silva era o percussionista. Quando este grupo acabou, Silva, já como produtor, e Manu Lima decidem relançar um grupo, mas sem o nome Cabo Verde Show. O grupo acompanha vários artistas, faz uma digressão a Cabo Verde em 1985 e no regresso a França resolvem relançar o nome Cabo Verde Show, já que eram os mesmos músicos.  

O Cabo Verde Show marcou uma época, introduzindo inovações que se refletiram nos trabalhos de muitos outros artistas. O jornalista Valdir Alves, num artigo no jornal Visão (6-17 dez. 1998) considera que o Cabo Verde Show foi “quem mais marcou a viragem na música de Cabo Verde”. E justifica: “Simplesmente porque filhos de cabo-verdianos nascidos na cosmopolita Dakar, receberam influências de ritmos africanos, caribenhos e outros, e expressaram o seu próprio sentir cabo-verdiano. O primeiro disco gravado em França, meio a sério meio a brincar, foi um tremendo sucesso que marcou uma época e começou a influenciar toda uma nova geração dos anos setenta embalada naquele ritmar diferente, cadenciado, ora numa melodia desconcertante e mexida, ora num ritmo relaxante tipo romântico.” Alves afirma ainda que os artistas da geração que de finais dos anos 1980 em diante se dedica ao zouk “são unânimes em reconhecer que receberam influências do conjunto enraizado em Dakar”.

Discografia

  • Recordo pensa, LP, Luís Silva, Lisboa, 1977.
  • Caminho de esperança – Coladance 80, LP, International Record Import, Paris, 1980.
  • Oh Milena, LP, Brandão Records, Roterdão, 1984.
  • Novas alegria, LP, Syllart, Paris, 1985. Aparece como “Cabral & Cabo Verde Show”.
  • Teteya, LP, Mélodie, Paris, 1985.
  • Destino, LP, Syllart, Dacar, 1986.
  • Nôs amor, CD, Syllart, Dacar, 1991. Gravado em 1985, só saiu em 1991. É dedicado à memória de John Matias. Tem participação vocal de Ildo Lobo e Paulino Vieira (cavaquinho).
  • Santa Catarina, CD, Sonovox, Lisboa, 1995. 
  • La coladeira, CD, Kings Records, Roterdão, 1999. Neste álbum, René Cabral é único remanescente do grupo inicial.
  • Cabo Verde (Show 2008), CD, Lusafrica, Paris, 2008.
  • Participação na compilação Cap-Vert compil dance, 1999, com Santa Catarina, Teteya, Eh ! Minina, Valsadera, Liberdade, Cynthiale.

Ver e ouvir

error: Content is protected !!