Caites, Os

Por GN em

Os Caites em 1969. Da esq. para dir.: Jorge Borges, Peixoto Lima, Carlos Pudjim, Djosa d’Nho Jack e Jorge Sousa. Foto cedida por Jorge Borges

Grupo, 1968 – 1974

Os Caites é um dos vários grupos com instrumentos elétricos e tocando música pop que surgem em São Vicente na virada da década de 1960 para 1970.

Os seus elementos terão adquirido os instrumentos ao Voz de Cabo Verde (o primeiro grupo com este nome), numa das várias passagens deste grupo por São Vicente a partir de 1967.

Inicialmente, tinha como membros Carlos Pudjim (bateria), Jorge Borges (guitarra), Peixoto (baixo), Djosa d’Nho Jack (guitarra), Mário Matos (Maiuca – guitarra e voz) e Hermes Morazzo (voz).

Em 1970, ao completar o primeiro aniversário, o  conjunto já tinha sofrido algumas alterações, com Jorge Sousa como vocalista e Tony Oscar nos teclados. Em finais desse mesmo ano, Tey Santos substitui Carlos Pudjin na bateria. A partir de 1972, várias outras mudanças se sucederam e, assim, passam pelo grupo Chico Serra, Xisto Almeida, Chiquinho d’Nino, Kiki Lima e Paulino Vieira, em diferentes momentos.

Atuações em festas e outras atividades, como uma gincana organizada pelo Grémio Desportivo Amarante, a inauguração da boate do hotel Porto Grande, um beberete durante um evento da Mocidade Portuguesa, uma atuação na praça Alexandre Albuquerque, na Praia, e espetáculos no Eden Park e na Matiota são exemplos das atividades do grupo, relatadas pela imprensa cabo-verdiana da época, que se resumia ao jornal O Arquipélago.

Cartaz do 1º aniversário d’Os Caites. Imagem cedida por Jorge Borges

Refira-se também que, em 1969, o grupo foi convidado para inaugurar o polidesportivo do Seminário da Ribeira Brava, em São Nicolau, e fez um espectáculo no Tarrafal. Em 1970, Os Caites fizeram uma digressão de duas semanas a Bissau, a convite da comunidade cabo-verdiana aí residente. Atuaram no cine UDIB e animaram bailes nos principais salões de quase todos os clubes de Bissau (Sporting, Benfica etc), recorda um dos seus membros, Jorge Borges.

Em dezembro de 1972, o conjunto assinou contrato com a Casa de Cabo Verde (fundada havia pouco tempo e que virá a ser a Associação Cabo-Verdiana, no centro de Lisboa), para tocar na sua festa de fim de ano e num “Serão para Trabalhadores Cabo-Verdianos”, também organizado por esta entidade, e a decorrer no pavilhão da Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O Carnaval de 1973, também segundo o Arquipélago, foi animado pel’Os Caites, no Eden Park, e pelo Voz de Cabo Verde, no Parque Mira Mar, os dois cinemas de São Vicente, onde, na época, se organizavam bailes populares, em contraste com o seletivo Grémio. Pode-se, portanto, concluir que o conjunto, ainda não tenha tido a projeção do Voz de Cabo Verde, chegou a ombrear com ele quanto a solicitações, nos seus cerca de cinco anos de existência.

Como esclarece Jorge Borges, o nome foi o aportuguesamento do termo inglês kites (papagaio de papel), já que dar nomes ingleses aos conjuntos musicais estava na moda. “Procuramos assim a originalidade… Prontos para sair voando no firmamento musical…”.

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