Henry Santos

Por GN em

Henry Santos. Fonte: https://www.oneillfuneral.com/obituary/ProfessorHenry-Santos

Henry J. Santos

EUA, 1927 – EUA, 2020

Professor universitário, investigador, instrumentista (piano), compositor

Henry J. Santos foi professor por mais de 30 anos na Bridgewater State University (BSU) em Bridgewater, Massachusetts, e terá tido um papel importante no desenvolvimento dos cursos de música desta universidade. É professor emérito da BSU. Como académico, publicou inúmeros trabalhos, entre os quais a sua colaboração em Reflections on Afro-American Music, obra editada em 1973 por The Kent State University Press. Em homenagem à sua trajetória, a Bridgewater State University criou a bolsa de estudos Henry Santos, concedida anualmente a um estudante, desde 2004.

Um estudo do professor Santos que ganhou destaque foi sobre um grupo de músicos negros formados na Europa na tradição clássica e que tocavam nos salões da elite de Nova Orleans, no século XIX – Basile J. Bares, Edmond Dede, Lucian Lambert, Sidney Lambert, Eugene Victor Macarty e Samuel Snaer.  Dede, por exemplo, foi o primeiro afro-americano a estudar no Conservatório de Paris e dirigiu a Orquestra de Bordeaux; Lucien Lambert tornou-se músico da Corte do imperador do Brasil, enquanto Sidney Lambert foi para Portugal como pianista, também para atuar na Corte. Apesar do destaque e prestígio desses homens na época, o estudo histórico de Henry Santos mostra os problemas que enfrentaram face às questões raciais. Mas o seu interesse por eles foi especialmente como compositores das músicas de dança – polcas, mazurcas, valsas, marchas e quadrilhas – que na época se difundiam pelo mundo, e chegaram a Cabo Verde também. Santos interpretou algumas dessas composições num dos seus últimos concertos, em 2015.

Flyer de atuação de Henry Santos

Henry J. Santos, que foi amigo e colega de faculdade de Martin Luther King Jr., compôs em homenagem ao líder negro assassinado em 1968 a obra “Salmo 64”. Na Bíblia, o Salmo 64 pede a proteção divina contra a maldade que ameaça o homem íntegro. A obra foi estreada no Providence State House, a sede do governo de Rhode Island, na primeira celebração do Dia de Martin Luther King naquele estado. Mais tarde foi interpretada em outros eventos e meios de comunicação. Santos teve por outro lado a sua composição “Leola” interpretada pelo grupo Videmus, no Teatro Sanders, em Harvard.

Como concertista, entre outros exemplos, Santos apresentou-se em Paris, e foi semifinalista no The First Louis Moreau Gottschalk Competition for Pianists and Composers, certame patrocinado pela União Pan-Americana, tendo sido selecionado para executar uma obra premiada para piano e orquestra. Atuou na Conferência Inter-Americana de Estudos sobre Música Negra , em Trinidad e acompanhou Elmer Dickey, três vezes vencedor do concurso de vozes Marion Anderson Singer Competition. Em estúdio, Santos acompanhou o tenor negro Roland Hayes.

Além de sua formação formal como pianista concertista e compositor (licenciado e mestre em música pela Universidade de Boston), Santos aprimorou-se em estudos avançados em composição com Hugo Norden e regência, com Alan Lannon. Também frequentou cursos na Suíça e na Universidade de Harvard.

Antes de lecionar em nível universitário, o professor Santos ensinou piano e atuou como acompanhante e solista para apresentações no departamento de música da renomada Escola Perkins para Cegos, em Cambridge, Massachusetts. Entre os seus alunos da Perkins contam-se o ator Tom Sullivan, cuja biografia, If You Can See What I Hear, foi transformada em filme; Ellis Hall, que tocou com o grupo Earth, Wind & Fire e estava trabalhando com Ray Charles e Jamie Foxx antes da morte de Charles, entre outros.

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