Horace Silver

Por GN em

Horace Silver. Foto: Divulgação

Horace Ward Martin Tavares Silver

Norwalk, Connecticut, EUA, 1928 – EUA, 2014

Instrumentista (piano), compositor

O pianista e compositor norte-americano Horace Silver, apontado como criador do hard-bop e um dos nomes incontornáveis do jazz a partir dos anos 1950, é filho de um emigrante cabo-verdiano da ilha do Maio – o seu apelido é o mesmo do compositor Betú, de quem é familiar: Tavares Silva, ficando o Silver certamente por conta da adaptação de Silva à sonoridade do inglês.

Segundo o site All Music Guide (http://www.allmusic.com/artist/horace-silver-mn0000267354) as referências musicais mais antigas de Horace Silver foram as da música cabo-verdiana, que ouvia através do pai. Numa entrevista ao Voz di Povo (03.07.1980), por ocasião de uma passagem por Lisboa, quando foi comer cachupa na Associação Cabo-Verdiana, o músico refere: “A minha infância esteve muito marcada por Cabo Verde e pelas mornas. O meu pai e os meus tios Chalie e Jack (todos cabo-verdianos) juntavam-se e tocavam mornas nas festas ao fim-de-semana. Faziam comida tradicional e dançavam”. Silver conta que, mesmo criança, observava-os atentamente.

Depois de uma viagem ao Brasil, quando teve contacto com Tom Jobim e a Bossa Nova – conta nessa mesma entrevista – regressa aos EUA impressionado com esse ritmo. “Na minha cabeça, porém, tudo aquilo me soou como as melodias que o meu pai tocava”, afirma. A única alusão a Cabo Verde na sua obra é Capeverdan blues, tema-título de um álbum de 1965.

“Passei toda a minha infância rodeado de cabo-verdianos. Ouvia a sua música mas nunca pensei que viria a usá-la nas minhas composições, coisa que meu pai tanto me pediu.”

Horace Silver, em entrevista ao Voz di Povo, 03.07.1980.

Horace Silver começou o seu aprendizado musical pelo piano e o saxofone. Encantou-se com o blues e com pianistas ligados ao bebop, como Thelonious Monk e Bud Powell. Entre 1950 e 1951, tocou com Stan Getz, mais tarde com Coleman Hawkins e Lester Young. Em 1953, com Art Blakey, forma uma banda cujo primeiro álbum, Horace Silver & The Jazz Messengers, foi um marco no desenvolvimento do género que veio a ser conhecido como hard bop. Vários temas do disco tornaram-se clássicos. A partir de 1956, gravou uma série de discos a solo, que o confirmaram como um dos maiores pianistas e compositores do jazz. O seu estilo conciso e percussivo tornou-se um modelo e muitos músicos que vieram a ser nomes importantes, em início de carreira passaram pela sua banda.

Em finais dos anos 1970, o músico passou por um despertar espiritual que se reflete, em termos musicais, numa atenção pela música eletrónica e vocal e, entre outras obras, num trabalho intitulado The United States of Mind. Nessa altura,deixou de gravar pela célebre Blue Note, que fora sempre a sua editora, e criou o seu próprio selo, Silveto. Mais tarde abandonou-o, passando a gravar pela Columbia, e mais tarde pela Impulse e Verve.

Horace Silver publicou vários livros sobre música e em 2006 lançou uma autobiografia, Let’s Get to The Unitty Gritty: The Autobiography of Horace Silver (Falemos do que é fundamental: A autobiografia de Horace Silver).

A discografia em seu nome conta 40 álbuns, fora aqueles em que tocou enquanto membro de grupos liderados por outros. A cantora Carmen Souza fez uma adaptação do seu tema “Song for my father”.

Composição

(no contexto cabo-verdiano)

Song for my father

Discografia

(no contexto cabo-verdiano)

  • Capeverdan blues, LP, Blue Note, 1965.

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