Jorge Humberto

Por GN em

Jorge Humberto. Fonte: Facebook

Jorge Humberto da Cruz Neves

Mindelo, SV, 1959

Cantor, compositor

Intérprete dos seus próprios temas, que também têm sido gravados por vários artistas, Jorge Humberto é um compositor sobretudo de mornas, koladeras e mazurcas. Há nos seus temas algo de reflexivo, com São Vicente e a cidade do Mindelo frequentemente como pano de fundo.

Quando apareceu, no festival Todo o Mundo Canta, assim se escreveu sobre ele: “Este jovem artista trouxe algo de diferente na sua mensagem: deixou de lado a morna tipo ‘Ó fulana-M’crebo-tcheu’ (…) e a coladeira género ‘Ó-minininha-bô-é-prigosinha’ (…) tampouco embarcou na facílima ‘canção-pichagem’” (Tribuna, julho 1984). Este que é primeiro texto publicado na imprensa cabo-verdiana sobre Jorge Humberto prevê para o compositor recém-revelado – que “procura fazer da canção mais que um simples divertimento” – um lugar importante no panorama da música cabo-verdiana.

É verdade que seu talento não passará despercebido a intérpretes atentos, em busca de matéria-prima. Ana Firmino foi a primeira a gravar temas de Jorge Humberto, incluindo três no seu LP de 1989, e é da sua composição “Pidrinha de Soncente” que sai o título do CD de 2001 de Dudu Araújo. Maria Alice, Biús, Mariana Ramos, Charles Marcellesi e Lucibela são outros intérpretes de temas da sua autoria.

“O que me inspira mais é o sossego, ter paz interior”, afirma o cantor e compositor cujo primeiro disco era para ser Ambições, para o qual Vasco Martins fez os arranjos mas que não chegou a ser concluído. Martins, num artigo sobre as criações de Jorge Humberto, aponta-o como um continuador do “estilo novo do B.Léza, que no fim da sua vida começou a compor mornas sobre a ‘dúvida’ e a ‘vida’” (A Semana, 01.12.2000).

Em 1992, em Portugal – para onde se deslocara dois anos antes para tratamento, depois de um acidente de trabalho em que queimou a mão –, faz a sua estreia discográfica. Passa a viver em Lisboa, exercendo a profissão de eletricista, enquanto continua a compor. Transfere-se em 2004 para Paris, onde trabalha inicialmente com a Morabeza Records Multimedia, do  produtor Elísio Lopes, e grava Identidade, num registo acústico que marcará toda a sua produção discográfica posterior. Cinco anos mais tarde, é a vez de Ar d’nha terra, pela Harmonia, e mais tarde Arpur. Passa a editar pela sua própria etiqueta os seus trabalhos a partir de Nov’Astral, de 2016.

Discografia

  • Guentá, CD, SA, Amadora, 1992.
  • Móiabo um consolá, CD, Sonovox, Lisboa, 1994.
  • Portexperimental, CD, Sonovox, Lisboa, 1998.
  • Identidade, CD, Morabeza Records Multimedia, 2004.
  • Ar d’nha terra, Harmonia, SV, 2009.
  • Arpur, CD, Chris Music, Paris, 2013.
  • Nov’Astral, Neveszurc, Paris, 2016.


Ver e ouvir

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