Jorge Lizardo

Por GN em

Jorge Lizardo. Fonte: Facebook

Jorge Lizardo

Jorge Manuel Oliveira Lizardo

Roterdão, Holanda, 1970

Líder do grupo Delidel Touch, filho de cabo-verdianos nascido em Roterdão, Jorge Lizardo é um dos rostos mais emblemáticos do reggae produzido por cabo-verdianos crioulo. E é talvez o músico que mais profundamente adoptou a filosofia rastafari como forma de vida. Sobrinho do histórico Djunga de Biluca, fundador da Morabeza Records, editora pioneira na gravação e divulgação da música cabo-verdiana, a partir da Holanda, Jorge Lizardo desde cedo conviveu com músicos de Cabo Verde.

Depois de assistir a vários concertos de reggae com músicos do Suriname, Antilhas Holandesas e da Jamaica, ainda nos anos 1980 começa a fazer covers de músicas de Jimmy Cliff e Bob Marley, junto com o irmão Aníbal Oliveira e alguns primos. O grupo Black Messengers, de Amesterdão, constituído no fim dos anos 1970 por músicos das ex-colónias holandesas e cabo-verdianos, foi uma das suas influências, assim como Black Sons, Night Rockers, Stash the Looth, Chico and Revolution, Easy Sound, Rabelados, para além dos americanos African Rebels, refere Jorge Lizardo, em entrevista a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual.

“Em cima do palco, se eu não cantar sobre Cabo Verde ninguém sabe se eu sou da Jamaica, de Barbados, ou Antilhas… Às vezes, na Holanda, pensam que sou do Suriname, então tenho de explicar que somos cabo-verdianos, que temos uma grande comunidade em Roterdão, que desde os anos 1960 está aí.”

Jorge Lizardo, em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens

Lizardo funda o seu primeiro grupo de reggae, Roots Generation, numa fase de aprendizagem, que vai de 1983 a 1990. A influência política dos pais e do tio, ligados desde cedo ao PAIGC, leva-o a abraçar o panafricanismo e o rastafarismo – posicionamento que será comum a outros grupos do reggae crioulo na Europa e Estados Unidos. Esta componente filosofico-religiosa do reggae, espelhada nas letras com forte carga de intervenção social e anti-racista, de denúncia, encontram um paralelismo na própria história da colonização das ilhas e no misticismo cabralista. A história dos Rabelados da ilha de Santiago, do badio que resiste à colonização, o choro da morna – Wailers significa, aquelas que choram – colocam os rastafari crioulos na rota da chamada cultura Roots, as Raízes. Trata-se de uma espécie de ortodoxia do movimento reggae, que promove igualmente a paz, a natureza, o amor e o respeito entre os homens, da qual os dreadlocks no cabelo, e as cores da bandeira da Etiópia, popularizados sobretudo por Bob Marley, são a imagem mais emblemática.

A partir dos anos 90 e já com a nova designação de Delidel Touch, do qual Jorge Lizardo é o vocalista, começam a tocar em festivais e clubes. Em 1993 fazem a primeira digressão pela Alemanha, França, Suíça e Áustria, com grande aceitação, já como representantes do reggae de Cabo Verde.

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Texto: Joaquim Arena

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