Nonhe

Por GN em

Olímpio Estrela. Foto cedida por Pedrina Estrela

Olímpio Morais Estrela

Sal-Rei, Boa Vista, 1922 – Sal-Rei, Boa Vista, 2005 

Instrumentista (violão)

Inserido na tradição dos renomados intérpretes de violão da Boa Vista, Nhone vem de uma família de músicos, e o seu pai, João Gau, foi um violinista afamado na ilha. E foi num violino que o pequeno Nonhe, aos 8 anos, começou a aprender música. Passou depois para o cavaquinho e mais tarde para o violão.

Tocou durante anos e anos nos tradicionais bailes da sua ilha natal e em várias ocasiões viajou pelo arquipélago em atuações em que solava o seu violão. Para sobreviver, teve vários ofícios, ora na pesca, ora nas obras, em que se destacou como pintor, em particular de móveis (Cabo Verde & a Música -Dicionário de Personagens).

Nonhe foi um dos músicos que, em meados do século XX, tocando músicas de origem europeia, como a valsa e a polca, assim como o maxixe, brasileiro, contribuíram para torná-las parte da tradição musical cabo-verdiana, de acordo com a tese Músicas e Danças Europeias do Século XIX em Cabo Verde – Percurso de uma Apropriação, de Gláucia Nogueira.

Numa entrevista a Carlos Castro, publicada no Novo Jornal Cabo Verde (07.11.1993), afirmou que nas festas do seu tempo de juventude “tocava-se a morna, a coladeira (maxixe como lhe chamavam), a valsa, a polca e o ril (estilo de música e dança já extinto)”. O músico refere ainda nessa entrevista que por vezes tocava a bordo de navios ingleses que faziam escala na ilha, o que permite supor o seu contacto com estilos musicais estrangeiros.

No fim da sua vida, na sequência de um AVC, perdeu a mobilidade das mãos, mas chegou a recuperar-se e voltar a tocar.

Uma escola de música com o seu nome foi criada pela Câmara Municipal da Boa Vista em finais dos anos 1990. Nonhe não deixou obra gravada.

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