Apolos, Os

Por D O em

Da dir.para esq.: Cacá, Secré, Chala e Nhuta (Foto cedida por Chala)

1969 – [déc.1980]

Grupo – Cabo Verde/Portugal

O embrião daquele que veio a ser Os Apolos formou-se na Praia, no ano em que o Homem chega à Lua e, assim, deve a sua designação à nave Apolo 11, tendo chegado a ser esse o nome do grupo, inicialmente, quando a sua formação era: Zeca Couto (teclado), Secré (voz), Zentony (bateria). No ano seguinte, entram Antero Simas (baixo), Vavá de Santinha (guitarra) e Chã de Herculano e o nome passa a ser Apolinho, segundo artigo de Djudju Tavares no Horizonte (21.03.2003). Foi com o apoio da Casa Serbam que adquiriram a primeira bateria – nos primeiros tempos a “bateria” era a caixa do acordeão de Zeca, relembra Antero Simas. Depois de Zeca Couto passar para Os Tubarões, entram os irmãos Manuel Clarinete e Chala (provenientes do grupo Oriundos de Santiago), que assumem os sopros. É a partir daí que o grupo adota o nome Os Apolos. Marcante será, como salienta Tavares, o papel do vocalista Secré (Noel Gabriel Cabral dos Reis).

Atuavam em festas e bailes nos bairros periféricos da Praia, que na altura pouco mais era que o Plateau. Tocavam muita música latino-americana e brasileira, e também tentaram transpor o funaná para os instrumentos elétricos – o que faz do grupo um precursor do trabalho que viria a ser desenvolvido por Katchás e o Bulimundo cerca de dez anos depois. Cronologicamente – é o próprio Katchás a reconhecê-lo, num artigo que publica no jornal Tribuna (Dez. 1986) – o LP Recordação, é “a primeira referência quanto a gravações de funaná”.

Este LP, o primeiro, sai em 1975 em Portugal, para onde Os Apolos, já com uma formação diferente – Secré (voz), Chala (sopros), Zentony (bateria), Nhuta (baixo), Cacá (guitarra) e Cujam (órgão) –, tinham se deslocado em 1974, para tentar a sorte. É um disco eclético, com temas populares como “Trabessado” (primeira gravação em disco de um talaia-baxu, segundo Tavares, o que faz do grupo também neste caso um pioneiro) e “Pom di Yaya”, músicas angolanas, koladeras, merengues e uma morna de B.Léza. Como outros grupos da época – reconhece Chala, quase 30 anos depois (Cabo Verde & a Música Dicionário de Personagens) –, com uma boa dose de influência do Voz de Cabo Verde.

Depois deste, virão mais quatro discos, alguns deles com bastante êxito. O produtor português Armando Carrondo, que editou vários deles, conta ter recebido da Radio Caribean Internacional, do Haiti, uma carta dizendo que o disco Nu nassi pa nu ama nôs terra ficou um mês no top dos mais tocados. Em plena euforia do pós-independência, a letra da composição que dá título ao LP fala da união nacional para a construção do país. Neste mesmo disco, a composição “Saudações pa nos povo” conta a história do grupo e apresenta seus componentes de então: Chala (sax tenor, alto e clarinete), Leopoldo (trompete), Zentony (bateria), Nhuta (baixo), Pierre “Paisley” (órgão), Tatás (guitarra solo) e Secré (vocalista).

Em 1975, ainda segundo Tavares, o grupo vai para França e a seguir para Holanda, já com novos membros. Pipau, Mendes e Rui Malagueta foram outros músicos que passaram pel’Os Apolos, nas idas e vindas entre a Holanda, onde o grupo se fixara em 1975, e vários países europeus onde se apresentavam. Ao longo de toda a existência do grupo, Chala destaca-se como autor de grande parte das composições, além de assinar os arranjos e a direção musical.

Em 1980 sai o último registo discográfico e o menos conhecido trabalho do grupo: Cabo Verde sa ta Labantasingle com um poema de Ovídio Martins musicado por Chala e Secré.

Discografia

  • Recordação, LP, Voz de Cabo Verde, Lisboa, 1975.    
  • Nu nassi pa nu ama nôs terra, LP, Do-La-Si/Electromovel, Lisboa, 1977.
  • Apolos é sucesso, LP, Do-La-Si/Electromovel, Lisboa, 1977.
  • Os Apolos, LP, Do-La-Si/Electromovel, Lisboa, 1978.
  • Cabo Verde sa ta labanta, single, ed. do grupo, Lisboa, 1980.

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