Antero Simas

Por GN em

Antero Simas. Fonte: Facebook

Antero Euclides Simas

Praia, Santiago, 1953 – New Bedford, Massachusetts, 2022

Compositor

Autor de cerca de 40 composições gravadas, vem de uma família musical: o avô tocava violino e o pai clarinete, sendo um grande colecionador de discos. Por volta dos 10 anos Antero consegue o seu primeiro violão e não demora muito a começar a compor. Influenciado pelos Beatles e com a facilidade de ter um amigo que traduzia as letras, foram em inglês as primeiras músicas deste que se tornaria um dos grandes compositores em crioulo. Sua obra mais conhecida é “Doce guerra”, um mix de imagens das ilhas que praticamente se tornou um hino nacional alternativo. Recebeu o prémio de composição na edição de 1987 do concurso Todo o Mundo Canta e no ano seguinte o Prémio B.Léza, que consagrava as duas melhores composições dos primeiros dez anos de Cabo Verde independente. O outro galardoado foi Manuel d’Novas

Nos anos 1960, Antero Simas participou da primeira formação do grupo Os Apolos – que partiu para Portugal enquanto Simas cumpria o serviço militar – e, mais tarde, daquilo que foi o embrião do Bulimundo: estava a viver em Pedra Badejo, a trabalhar para o PAIGC, quando Katchás regressou do estrangeiro com algum equipamento e um projeto em mente. Chegam a formar um grupo chamado Nho Santiago, depois Bulimundo.

Em 1976, partiu para o Sal, para trabalhar na ASA-Aeroportos e Segurança Aérea. No Sal, começou logo a tocar num grupo de baile e, ao mesmo tempo, no Voz Djassi, que, no auge da chamada música revolucionária, foi, segundo Simas (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens), o primeiro grupo a interpretar a exaltada “Labanta braço” (de Alcides Spencer Brito, gravada no mesmo ano por Os Tubarões no seu primeiro LP).

No Sal reencontra um velho amigo, Tonecas Marta – que veio a ser um dos principais intérpretes de Antero Simas –, apaixonado pelas serenatas e que acaba por conduzi-lo aos domínios da música tradicional: ou seja, ao seu quintal. “Tocávamos todos os dias na casa do Marta, e comecei a conhecer outros músicos; formamos um grupo chamado Cacimba da Madrugada.”

Outro contacto importante dessa época foi Luís Rendall, na altura a viver no Sal e como sempre a tocar os seus solos ao violão. “Foi o período em que me aproximei mais da música tradicional cabo-verdiana, pois desde pequeno tinha outras referências – meu pai sempre foi um apaixonado por jazz e eu, quando comecei a comprar os meus próprios discos, eram os Beatles, Stones… Vieram depois Chico Buarque, Caetano…” 

Depois dessa fase e ainda no Sal, onde ficou a residir desde a década de 1970, Antero Simas irá integrar o Clave de Sal e o Mobafuco. A partir de 2001 faz-se acompanhar pela Banda Aliada. Em 2009 grava o CD Kriolo, em que canta e toca violão, um disco em que o compositor conta com participações vocais de um grande grupo de convidados.

Composições

Alma Violão; Amiga; Cretcheu di nha vida; Dança di nôs Ilhas; Distino di Criola (parceria com Tonecas Marta): Diva; Doce Guerra; Dona Áfrika; Escuta-me; Fidjo Rei di Funaná; Folclore e Vida; Homi di Mil Glória; Joana Santana; Kriolo; Manel Piscador; Maria Coxa Redondo; Maria da Graça; Maria sem veu y grinalda; Matchamor; Metamorfose; Moral Carrasco; Na Dia di Bo Regresso; Natalino; Nha Maninha; Nha Morna; Nha Sodadi; Nha Sonho; Praia Maria; Privatização di Clima; Rabolo di mi cu Maria; Resposta de Gote Pingode; Rotcha Nu; Stado da Naçon; Súplica; Voltinha di Amor na Santiago.  

Discografia

  • Crioulo, CD, edição do artista, ilha do Sal, 2009.

Ver e ouvir

https://www.youtube.com/watch?v=LRts0olYs7E
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