Boy Gé Mendes

Por GN em

Boy Gé Mendes. Foto: Tó Gomes

Gérard Charles Mendes

Dacar, Senegal, 1952

Cantor, compositor, instrumentista (violão)

Apesar de estar na música desde muito cedo, é na década de 1990 que se consolida a imagem de Boy Gé Mendes como músico, compositor e cantor com uma carreira a solo consistente. Contemporânea e cosmopolita, a “sua” música cabo-verdiana é muito pessoal, seja pela fusão de influências várias e um swing sem fronteiras, seja pelo tom intimista em que o sotaque francófono empresta à língua cabo-verdiana um charme especial.  

Boy Gé cresce num meio em que os sons remetem menos para Cabo Verde, terra dos pais, do que para o Senegal, onde nasceu, ou a outros pontos de África, como o Mali e a Guiné, cujas músicas ouvia em criança. Muito cedo começou a cantar nas festas do liceu e eventos da igreja que frequentava. Mais tarde, os ritmos latinos é que dão o tom, somados às vedetas mundiais Rolling Stones e Beatles e a outros sucessos pop e rock. Reggae, salsa, samba, folk, disco, koladera – um pouco de tudo irá caber na música de Boy Gé. É a partir de 1967, quando funda com o irmão o grupo Beryl’s, que a música passa a ocupar mais espaço, com a participação em festivais e concertos, ainda no Senegal.

A etapa seguinte é em França, onde nos anos 1970, nos arredores de Paris, surge o Cabo Verde Show, grupo que virá a ter um êxito marcante entre o público cabo-verdiano e que gravará vários temas de Boy Gé. Paralelamente, grava com o irmão, Jean-Claude, com a assinatura Mendes & Mendes, o disco Grito de bo fidjo, em 1981, mas que só alguns anos mais tarde irá ganhar visibilidade em França, através da TV. “Eu abri uma porta para uma fusão musical e não para a música tradicional de Cabo Verde”, diz numa entrevista, acrescentando: “Se tocar uma morna, eu vou dar-lhe aquela forma de jazz african style”(A Nação, 27.01.2010). Até porque foi só na década de 1980 que Boy Gé Mendes conheceu Cabo Verde de perto.   

A certa altura, muda-se para a cidade de Nice, no Sul da França, onde o ambiente musical era dominado por brasileiros, com os quais se junta para criar o grupo O’Asah, que faz primeiras partes de concertos de estrelas brasileiras como Gilberto Gil e João Bosco. O álbum Sururu, de 1995, é gravado na Holanda, com a participação de vários artistas aí residentes. Em 1996 grava Di oro, com Manu Lima, com quem não fazia qualquer trabalho em conjunto desde 1982, quando saiu do Cabo Verde Show.

E então Boy Gé assume de vez a carreira a solo, atuando em concorridas casas noturnas em França, como New Morning ou Bataclan, e participando em festivais pela Europa e África. Seguem-se Lagoa e Noite de morabeza. Em finais dos anos 1990 passa a viver no Mindelo. Mendes & Mendes, 20 anos depois da primeira gravação fora do grupo, é reeditado em CD.

Discografia

  • Mendes & Mendes (com Jean-Claude Mendes), LP, Jean-Claude Mendes, Paris, 1981, relançado em CD com o título Grito di Bo Fidje, Blue Move Records, 2001.
  • Donna Kîngela (Mendes & Mendes e grupo O’ Asah), LP, Labalme, Paris, 1987.
  • Sururu, CD, Atlantic Music, Roterdão, 1995.
  • Di oro (com Manu Lima), CD, Lusafrica, Paris, 1996.
  • Lagoa, CD, Lusafrica, Paris, 1997.
  • Noite de morabeza, CD, Lusafrica, Paris, 1999.
  • Best of Boy Gé Mendes, CD, Lusafrica, Paris, 2007.
  • Bate tempu, CD, Lusafrica, Paris, 2020.
  • Presença em compilações: Cap Vert: Anthologie 1959-1992, 1993 (“Grito di bo Fidje”); O espírito de Cabo Verde, 1998 (Choros”); Putumayo Presents Cape Verde, 1999 (“Cumba Ietu”).
  • Participação em CD coletivos: Cap Vers l’ Enfant, 2000 (Menina Nova”) e Cap Vers Les Autres, 2002 (“Tud na Tom”).
  • Participação em dueto com Sara Tavares no CD Balancê, 2005, com o tema “Planeta Sukri”.

Composições

África; Agua; Anima; Assim Não; Ayuweh; Beijo de Longe; Béleza Négra; Blue Ballade; Caminho d´Esperança; Canção d´Magne; Casa Ma um Criola; Cé La Vida; Choros; Coração Blues; Costa di Guinée; Cumba Ietu; Da-Li, Da-La; Deolinda; Deus qui Mi Deu; Dia d´festa; Dia Nasce; Dona Lua; Down My Roots; Evolução; Fidjo d´África; Fogo; Funana di Nha Bonga; Funaná Santiago; Grito di bo Fidje; Irmão; Jóia; Junta Ma Nos; Lagoa; Lisamor; Mam´Bia; Más Bonita; Mas di Qui Sabe; Más un Coladera; Menina Nova; Milagre; Mindelo; Mitamiyo; Nha Manera; Nha Tchon; Nîla; Ninguem; Noite de Morabeza; Nôs Ilha; Nos Rasta; Pãe di Oro; Pampaio; Pescador, Qui Temporal; Sabe Ma Nha Criola; Sama Xarit; Sambinha de Vovo; Sant´Anton Lovers; Shambalah; So Doce, So Mel; Sururu; Terra Crêtcheu; Terra Longe; The Prophet; Tud na Tom; Volta Cara, Passa Sabe; Walkman; Woasah; Woyeul Sunugal; Yone bi Gno´co Boka; Zoom-Zoom Pau.

Ver e ouvir

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