Caraca

Por GN em

Caraca (atrás), acompanhando Malaquias Costa. Cena do filme Alma ta Fika, de João Sodré (1989)

Benjamim Cabral

Mindelo, São Vicente, (?) – Mindelo, São Vicente, 1990        

Instrumentista (violão)

Caraca, em São Vicente, significa corcunda. O músico que recebeu esta alcunha tinha um problema nas costas, mas as mãos, essas eram perfeitas e garantiam a Benjamin Cabral todas as condições para ser o exímio solista que foi.

“A primeira coisa que nele reparei foram os seus dedos compridos e delgados, mesmo para o violão. A tocar, gostava de apreciar a sua agilidade, e a sua sensibilidade no tratamento das cordas do seu instrumento. Dedilhava bem, completo e seguro”.

Kaká Barbosa, ao recordar Caraca num artigo no jornal Notícias (01.04.1990), por ocasião da sua morte.

Filho de Miguel Patada, violonista de renome na ilha, Caraca foi um dos animadores das noites cabo-verdianas na tradicional casa da Ofélia. Cesária Évora, a quem ele acompanhava na juventude, evoca-o no documentário Cesária. Nha Sentimento (RTP/Lusafrica, 2010). Caraca toca nas primeiras gravações de Cize, que se encontram no CD Radio Mindelo – Early recordings.

Artur Boxe, Caraca, Jack Monteiro e Manuel d’Novas. Foto cedida por Jack Monteiro

Num texto publicado em Notícias (01.04.1990), Kaká Barbosa, que com ele conviveu quando vivia em São Vicente, refere que Caraca lhe contara ter sido o introdutor do acompanhamento musical nos funerais no Mindelo.

Durante muito tempo este músico ganhou a vida como cicerone dos marinheiros que passavam pelo Porto Grande, com o seu carácter expedito e brincalhão, mas o fim da sua vida foi de pobreza, a “desenrascar” e a depender da solidariedade de amigos.

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