Djurumani

Por GN em

Djurumani, São Nicolau, 2011.
Foto: Marzio Marzot

Carlos Alberto Pinto Germano

Ribeira Brava, São Nicolau, 1944

Cantor, compositor

Foi por volta dos seus 50 anos que Carlos Germano (Djurumani) gravou o seu primeiro álbum, apesar de cantar há muito tempo. Na mesma época que grava o seu trabalho a solo, intitulado Reencontro, Djurumani protagoniza um filme, Fintar o destino (1998), do realizador português Fernando Vendrell, que o descobriu justamente através do disco.

Mas muito antes disso a música já fazia parte da sua vida. Criado entre São Nicolau e São Vicente, por um avô particularmente culto, cresceu a ouvir Mozart e Chopin num gramofone. Adolescente, tocatinas e serenatas introduzem-no no violão, que sempre usou apenas como suporte para a voz. Esta sim, já era então o seu instrumento.

No início dos anos 1970, a viver no Sal como funcionário da companhia aérea portuguesa TAP, cantava com um grupo de pessoas cuja vida profissional girava à volta do aeroporto (Hermano Almeida, Manuel Eugénia, Taninho, Celso Estrela, entre outros) e que costumava reunir-se para tocar nos tempos livres. João Freire, na altura comandante da unidade local da Força Aérea Portuguesa, gravou algumas dessas sessões musicais e, de volta a Portugal, propôs à Valentim de Carvalho editar o material. Assim, os primeiros registos de Carlos Germano (e outras gravações raras daqueles músicos, como por exemplo o violonista Taninho a cantar) constam do LP Música de Cabo Verde nº 2 (o nº 1, editado algum tempo antes, traz as vozes de Nanda, Bilocas, Lilly Tchiumba e Eleutério Sanches).

Em 1976, Germano muda-se para Portugal, onde irá residir sempre em Faro, no Algarve, mantendo-se como funcionário da TAP até à reforma. Pontualmente, atua em atividades musicais da comunidade cabo-verdiana. Participou em 1989 na gravação do disco coletivo Peace, love and unity.

Em 1994, Djurumani decide gravar a solo. Vai buscar à gaveta algumas composições inacabadas e, para a produção, contacta o seu amigo João Freire, que há muito insistia para que ele gravasse. Editado em 1995, o CD é um belo exemplo de colaboração musical luso-cabo-verdiana. À banda de suporte, formada basicamente por portugueses, junta-se um leque de convidados dos dois países, em que se incluem nomes sonantes da música portuguesa como Rui Veloso, António Chaínho e Bernardo Sasseti. A direção musical é de Manuel Paulo Felgueiras, do grupo Ala dos Namorados.

Atuações com a Orquestra Sons da Lusofonia é outro exemplo de colaboração luso-cabo-verdiana no seu curriculum, bem como a ópera Crioulo, com música de Vasco Martins, que assinalou a data em que São Vicente se assumia como Capital Lusófona da Cultura (Novembro de 2002). O trecho dedicado à morna foi apresentado pelas vozes do tenor português Paulo Maria Rodrigues, da luso-cabo-verdiana Sara Tavares e de Djurumani, nome artístico que adotou ao gravar Reencontro e que é a forma de pronunciar Germano na Guiné-Bissau.

Como compositor, tem um único tema, “Grito magoado”, que aparece com títulos diferentes conforme a gravação: gravado por Bana como “Mais que sofre tanto” e por Manecas Matos como “Nha grito”.

Discografia

  • Música de Cabo Verde nº 2 (vários artistas), LP, Decca-VDC, Lisboa, 1973. Cinco temas com Germano como vocalista, dois dos quais em dueto com a sua mulher, Ana Maria.
  • Reencontro, CD, Dargil, Lisboa, 1995.
  • Participação em Peace, love and unity, Help CV, Boston, 1990.
  • Participação na compilação Putumayo presents Cape Verde, 1999.

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