Djick Oliveira

Por GN em

Djick. Fonte: Casa da Música Uni-CV

Henrique Teixeira Oliveira

Nova Sintra, Brava, 1943

Instrumentista (violão), professor

Quando faltavam alguns anos para se reformar como professor de filosofia no ensino secundário, Djick transformou a sua casa numa escola de violão por onde ao longo dos anos já passaram centenas de alunos. Criou um método próprio de ensino, que ao mesmo tempo em que atende ao desejo dos alunos de aprender a tocar rapidamente, impõe que o façam de forma correta. “Começam pelo acompanhamento e mais tarde são introduzidos nas técnicas de solo, pondo em primeiro lugar a prática e a seguir a teoria”, revela em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens. 

Djick Oliveira considera que o ensino da música deveria ser obrigatório em Cabo Verde e lamenta que depois da independência essa disciplina tenha sido secundarizada. Ver entrevista no Expresso das Ilhas (11.09.2022) sobre este assunto: Ensino de Música nas escolas.

Por sua vez, Djick aprendeu a tocar praticamente sozinho, a partir dos 14 anos. Mais tarde, estudante na Universidade de Coimbra, frequentou aulas de violão clássico na escola do professor e construtor de instrumentos Duarte Costa, de Lisboa, que abrira uma secção em Coimbra.

Além de executante do instrumento, tem uma faceta menos conhecida, a de compositor, tendo musicado os poemas “Caminho longe”, de Gabriel Mariano, “Toti Cadabra” e “O Poeta é um fingidor”, de Arménio Vieira, e a versão em crioulo que Eugénio Tavares fez para “Bárbara escrava”, de Camões, além de um batuku recolhido por Baltasar Lopes e publicado na revista Claridade. Tem também alguns temas próprios (música e letra) mas, sem nenhuma obra gravada, só os amigos conhecem a sua produção.

Djick, década de 1960. Foto cedida por Djick

Entre os grupos em que participou como instrumentista, destaca-se, nos anos 1960, o Mindel’s, ainda em São Vicente, e o Noitinha, formado por estudantes cabo-verdianos em Portugal. Participou também na gravação da cassete do Grupo de Intervenção Artística, iniciativa de Manuel Faustino, logo a seguir à independência, que contém uma das raras gravações de Renato Cardoso. Nos anos 1980, foi um dos músicos que acompanharam Luís Rendall em gravações realizadas na Praia para edição de um disco, mas cujos originais acabaram por desaparecer dos arquivos da Rádio Nacional.

À parte a música, Djick foi o introdutor do ensino do judo em Cabo Verde, nos primeiros anos a seguir à independência. Para saber mais sobre o seu percurso, veja esta entrevista ao site Brava.news.

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