Vaiss

Por D O em

Vaiss. Fonte: nosgenti.com

Osvaldo Marcos Dias

Ribeira Grande, Santo Antão, 1965

Instrumentista (cordas), compositor, cantor

Vaiss faz parte do núcleo musical cabo-verdiano de Lisboa, fazendo da música a sua profissão desde que se transferiu para a capital portuguesa, em 1988, a convite de Bana. Inicialmente, trabalhou durante um ano na discoteca Montecara, depois passou a atuar como free lancer.

Entre 1992 e 1994, com Paulino Vieira Toy Vieira, integrou a banda de suporte de Cesária Évora, durante a tournée de Miss perfumado. No disco seguinte da diva, Cesária, comparece também.

Desde então, colabora em estúdio e no palco com um grande número de artistas cabo-verdianos – Ildo Lobo, Maria Alice, HermíniaLuraDany SilvaSara Tavares, Gabriela Mendes, Nancy VieiraBiúsFernando Quejas, entre outros – e do espaço lusófono, como Rodrigo Lessa (Brasil), Filipe Mukenga (Angola), Rui Veloso e Gil do Carmo (Portugal).

Em 1991, Vaiss atuava sozinho com a sua guitarra, em bares e pubs, a tocar sobretudo música brasileira. Pouco a pouco vai introduzindo músicas cabo-verdianas. Certo dia, aparece um produtor que lhe propõe gravar, e é então que sai o seu primeiro álbum a solo, Sodade cá bô fronta’n, em que divide os arranjos com Toy Vieira. Em 1997, lança Assim, assim?, feito quase inteiramente de composições suas (música) em parceria com Luís Lima (letra) e em que aparece a tocar todos os instrumentos de corda. Nos dois primeiros discos, Vaiss aparece a cantar, o que não fará no terceiro, Betty mar, editado em 2011, um álbum instrumental em que está ao violão, cavaquinho, baixo, guitarra elétrica e harmónica, sendo o autor de todas as faixas.

Como compositor, várias das suas parcerias com Luís Lima encontram-se gravadas: “Dzê que dzê”, por Lura e Nancy Vieira; “Intelectual”, que dá título ao penúltimo CD de Ildo Lobo, “Lágrima e súplica”, título também de um disco de Maria Alice são alguns exemplos. 

Criado no Mindelo, embora nascido em Santo Antão, a iniciação musical de Vaiss passa por Travadinha. “Um pouco por influência dele é que comecei a tocar, inicialmente cavaquinho, depois violão. Como durante a semana ele não tocava porque tinha de levantar muito cedo para trabalhar, deixava-me com o seu violão”, recorda o músico (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens), que antes de deixar São Vicente tocou no grupo Grito de Mindelo, ao mesmo tempo que trabalhava numa serralheria mecânica.

A partir de certa altura, sentiu necessidade de deixar de fazer tudo intuitivamente e decidiu estudar música. Primeiro, foi com o pianista Humberto Ramos, depois com o trompetista Adriano Santos. “Durante seis meses eu ia todos os dias à sua casa para aprender. Como não tocávamos os mesmos instrumentos, tivemos de encontrar um que tivesse alguma relação com ele. Então, aprendi saxofone. Foi uma base importante para quando entrei no conservatório”, refere. Nos anos 1990, inscreve-se na Academia dos Amadores de Música, em Lisboa, e mais tarde prossegue os estudos no Conservatório de Santarém.

Vaiss é músico residente do B.Léza desde o surgimento desta casa, nos anos 1990, e professor de música, além de aparecer também pontualmente como arranjador. Em 2015, na premiação Cabo Verde Music Awards, foi considerado o melhor produtor musical, pelo seu trabalho no álbum Panu Terra, de Rui Cruz.

Discografia

  • Sodade cá bô fronta’n, LP, Chiquita Banana, Lisboa, 1991.
  • Assim, assim?…, CD, Sonovox, Lisboa, 1997.
  • Betty mar, CD, Harmonia, São Vicente, 2011.

Composições

Assim, assim? (Amizade na coraçon), Dzê que dzê, Intelectual, Lágrima e súplica, Meditá, Nhas ais, Tradiçon, Uma lágrima e amor, Velha Bichica (parcerias com Luís Lima); África; Amizade; Betty mar; Bubu; Candomblé; E so bo; Foi ontem; Ildo (lamento); Melides; Meu choro; Paul.

Ver e ouvir

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