Voz de Cabo Verde (III)

Grupo, 2002-2003

Em 2002, o II Congresso dos Quadros Cabo-Verdianos na Diáspora (encontro periódico organizado por emigrantes cabo-verdianos) decidira homenagear o grupo Voz de Cabo Verde (I) reunindo momentaneamente no arquipélago os seus membros. A formação da primeira fase aparece quase completa – Luís Morais, Morgadinho, Toy d’Bibia, Djosinha, Jean da Lomba e Chico Serra –, ausente só Frank Cavaquinho (1927-1994). Da última fase, está Toy Paris, a substituir o baterista. Bana não participa.

Dispersos por diferentes países e alguns deles só circunstancialmente ligados à música, encontram-se por ocasião do congresso, sendo condecorados pelo governo. O concerto que se realizou no auditório da Assembleia Nacional emocionou aqueles que viram nascer o grupo cujos membros, mais de 30 anos depois, traziam “a mesma empatia com o público, a mesma corrente elétrica se estabelecendo entre artistas e espectadores, foi um regresso à juventude que a todos contagiou, até os mais jovens que nunca tinham ouvido uma cumbia foram arrastados pela onda avassaladora”, escreveu a cronista Fátima Bettencourt (Horizonte, 12.04.2002). Além da Praia, atuaram no Mindelo, inclusive num concerto ao ar livre, na Rua de Lisboa, a exemplo das atuações que mobilizaram a cidade nos finais dos anos 1960.

Poucos meses depois, em agosto, o grupo atua no festival da Baía das Gatas mas sem Luís Morais, que já tinha partido para tratamento nos EUA, onde vem a falecer em Outubro desse ano. A gravação do concerto foi editada no CD Voz de Cabo Verde Live, lançado em 2003. Participaram Luís Morais (sax, clarinete), Morgadinho (trompete, voz), Toy d’Bibia (guitarra), Jean da Lomba (baixo), Chico Serra (teclados), Djosinha (voz) e Toy Paris (bateria). Este reencontro dá origem a um segundo disco, de estúdio, já sem Luís Morais. Neste álbum quem toca clarinete é Chala, o baixo está a cargo de Nolito e a bateria e percussão com Tey Santos. Há ainda como músicos adicionais Nando Andrade (piano), Zé António (cavaquinho), Djini e Miroca (percussão). Lura aparece nos coros. O texto da capa faz justiça a dois nomes pouco falados ao longo desses anos: Constantino Delgado e Djosa de Bernarda, imigrantes na Holanda, “pelo apoio moral e financeiro” que permitiu aos rapazes recém-chegados de Dacar estabelecer-se em Roterdão. Curiosamente, não há referência a Djunga de Biluca. 

Discografia

• Voz de Cabo Verde live, CD, Lusafrica/BMG, Paris, 2003.
• Voz com paz e amor, CD, Harmonia, SV, 2004

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Colaborou na pesquisa: Francisco V. Sequeira