Zezé di Nha Reinalda

Por GN em

Zezé di Nha Reinalda. Fonte: Facebook

José Bernardo Dias Fernandes

Praia, Santiago, 1952

Cantor, compositor

Zezé di Nha Reinalda já fazia parte do Opus 7, em meados dos anos 1970, quando o seu irmão Zeca di Nha Reinalda entrou no grupo. Algum tempo depois, ambos foram convidados, tal como outros elementos do grupo, a formar o Bulimundo, no qual Zezé permanece apenas nos primeiros tempos, não chegando a gravar.

Em 1981, editou o seu primeiro álbum a solo, com arranjos de Paulino Vieira, quase totalmente composto por músicas próprias, cujo tema título, “Djentis d’asagua”, receberámais tarde interpretações de Nhonhô Hopffer e do Simentera. Entre os funanás trepidantes que dão o tom da época, Zezé insere neste e nos discos seguintes uma ou outra morna – por exemplo, “Vida sem bo luz”,de Eugénio Tavares, neste primeiro álbum e “Na caminho de Djabraba”, de Juloca Fejóo, em N’ka por si.

Em 1982, quando Zeca por sua vez deixou o Bulimundo, os dois vão gravar juntos o LP N’ka por si, também estesob a direção musical de Paulino Vieira. O disco homenageia as cantadeiras de finason Bibinha Cabral e Nácia Gomi e o tocador de gaitaToti Lopi. Na capa, traz fotos de personagens da música em Santiago: Codé di Dona, Kaká Barbosa, Ney Fernandes, Djirga, Caetaninho, Sema Lopi e Ano Nobo, os cinco primeiros com temas gravados no álbum. “Reconhecer o mérito dos nossos artistas populares significa, acima de tudo, dignificar a nossa cultura”, lê-se na capa, num texto que justifica a iniciativa com o “intuito de contribuir, mesmo que modestamente, para a valorização dos verdadeiros edificadores do nosso património musical e cultural: ostensivamente ignorados e marginalizados mas que mesmo assim não abdicaram da luta que sempre norteou o povo”.

Um segundo álbum da parceria entre os dois irmãos é Konbersu’l tristi korbo nha xintido (1983), com acompanhamento de Duka (teclas) e Zequinha Magra (guitarra). É neste disco que aparece pela primeira vez uma música de Nha Nácia Gomi gravada em disco, “Finagor”. Presentes novamente temas de Codé di Dona e Kaká Barbosa, além de composições dos próprios intérpretes.

Com Zequinha Magra e cinco elementos do Abel Djassi, Zeca e Zezé fazem uma digressão aos EUA, onde atuam sob a designação Super Bulimundo. No regresso, trazem equipamentos com os quais fundaram o Finaçon, em 1985. Neste grupo, que durou cerca de uma década, Zezé é o responsável por boa parte dos temas que compõem o repertório, presentes em quase todos os discos e sendo o autor daquele que foi o maior sucesso do grupo, “Feia cabelo bedjo” (cujo título verdadeiro é “Entri spada i paredi”), patenteando a sua filiação a uma linha de composição baseada na observação crítica da realidade social, aspeto presente aliás em muitas das suas composições.

Em 1988, Zezé lança outro álbum a solo, Onti y oji, gravado também em Portugal pelo núcleo de músicos à volta de Paulino Vieira. A partir daí edita um novo disco a cada década: Lugar pá nós tudo é de 1999 e Dukumentu sai em 2008. Em ambos, procura estar sintonizado com os novos tempos, interagindo com uma nova geração, em que se incluem músicos como Dabs, Djoy Delgado e Cláudio Ramos.

Discografia

  • Djentis d’asagua, LP, Instituto Caboverdiano de Solidariedade, Praia, 1981.
  • N’ka por si, LP, ed. do artista, Praia, 1982. Com Zeca di Nha Reinalda.
  • Konbersu’l tristi korbo nha xintido, LP, ed. do artista, Praia, 1983. Com Zeca di Nha Reinalda.
  • Onti y Oji, LP, ed. do artista, Praia, 1988.
  • Lugar pá nós tudo, CD, Megadiscos, Lisboa, 1999.
  • Dukumentu, CD, ed. do artista, Praia, 2008.

Composições

Ambienti Mas Seletu; Atrivida; Beju di Judas; Desejo dum Imigrante; Dexam Canta Cabo Verdi; Dicissu dja Panham; Dignidadi pa Nha Cidadi; Djentis d´Asagua; Dotorado; Entri Spada e Paredi (Feia Cabelo Bedjo); Es Geraçon Ka Krê Toma Bençon; Festa Nhu Santiagu; Forti Culpa Richu; Gongon; Indifirido; Irupçon Culpado É Finaçon; Iternamenti; Kebra Kanela; Kel Ki Ta Da Ta Da; Kita Dué tá Dué; Konbersu´l Tristi Korbo nha Xintido; Kordero; Lotaria 80; Lua di Vidro; Lugar pa Nos Tudu; Mel É Cá Pa Boca Burro; Mendis Falêro Sta Pega Lumi; Mundu mas Bunitu; N Ka Kulpado; N Ta Ba da Misa; Ngabado ta Nterrado; Onti y Oji; Paiol; Paraisu; Privatiza Barriga; Ronda Rondinha; Rubás; Santanton; Sapatinha de Li Ca; Segunda; SICAP; Subrevivência; Tabanka (Puera n´Odju); Tantu Fasi Favor; Teris Ka Pesi Pa Sinti Cem; Terra Djenti; Terra tem Ki Sabé; Tristi Bida.


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