Cesário Duarte

Por GN em

Cesário Duarte, 2009, diante do coreto na Praça Alexandre Albuquerque, Praia, onde durante muitos anos tocou. Foto: Gláucia Nogueira

Cesário António Duarte

Ribeira Brava, São Nicolau, 1932 – Praia, Santiago, 2014

Instrumentista (clarinete), compositor

Clarinetista da geração de músicos de sopros iniciados por Nho Reis a partir de meados dos anos 1940, em que se incluem Manuel Clarinete, Morgadinho e Manuel Tidjena, seu primo. Cesário Duarte, como aqueles contemporâneos, tocou na Banda Municipal de São Vicente, a partir de 1950. Poucos anos mais tarde, já na capital, irá integrar a Banda Municipal da Praia por mais de 40 anos, da qual será o contramestre, ao mesmo tempo que exerce a profissão de sapateiro.

Em 1955, ao iniciar o serviço militar, com colegas da banda municipal e outros músicos que formou, criara uma fanfarra militar (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens).

Já no primeiro ano que passou na Praia, 1952, fundou o grupo Madrugada, acústico, que irá durar até finais dos anos 1960, com o qual atuava em bailes e emissões da Rádio Clube de Cabo Verde. Em 1968, este grupo acaba, quando surge o África Show, já com instrumentos elétricos, e cujo primeiro vocalista foi Ildo Lobo.

Nesse contexto de lides musicais, três dos seus filhos inclinaram-se também para a arte: um fez parte do grupo Zeca Santos, outro ficou no seu lugar como contramestre da Banda Municipal da Praia e a sua filha Djuta Duarte é cantora e compositora.

Cesário Duarte é autor de alguns temas que terão feito muito sucesso nos anos 1960, e são sobretudo dessa época as gravações de músicas suas. Passada a fase, terá ficado um pouco esquecido. “Esta entrevista é uma surpresa… Eu julgava que já não fazia mais parte do clube dos nossos compositores”, dizia ao jornalista António Silva Roque em 2004, acrescentando não conseguir se lembrar de todas as suas composições (www.asemana.cv, 24.07.2004).

Nos tempos áureos da sua produção musical, “praticamente estabeleceu um diálogo ou um duelo com Manel Clarinete”, refere o jornalista, e o músico recorda, a respeito do amigo que na juventude o levara para a banda do Sr. Reis: “Isto aconteceu de forma artística. Somos amigos e tínhamos quase a mesma linha. Éramos observadores das cenas do quotidiano, e a coisa dava-se assim: ele observava e recriava, e casos houve em que ele criava e eu respondia artisticamente. Foi um processo criativo fabuloso.”

“Cesário ê boca” (que aparece em gravações com o título “Pega malandro”) é um tema seu que ficou na memória popular.

Composições

Basculante; Bocas di Paiol; Pega malandro/Cesário boca; Mnininhas de poca sorte


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