Julinho da Concertina

Por GN em

Julinho da Concertina, 2002, em sua casa na Quinta da Lage, Amadora. Foto: Gláucia Nogueira

Julinho da Concertina 

Júlio Lopes da Veiga

Calheta de São Miguel, Santiago, 1952

Compositor, instrumentista (gaita)

Músico do funaná e especialista nas “cirurgias” que alteram a mecânica de um acordeão de fábrica adaptando-o ao som deste género musical de Santiago, Julinho da Concertina fez toda a sua carreira em Portugal, onde atua com frequência em festivais de música tradicional, e é pouco conhecido em Cabo Verde.

Nasceu em Santiago, mas foi na ilha do Fogo, terra do seu pai, que passou a infância, e onde aprendeu a tocar a concertina. Sozinho, de tanto mexer no instrumento e depois das primeiras experiências sonoras com uma espécie de gaita de boca feita com cana de milho. Mais tarde conseguiu, contra a vontade do pai, comprar o seu primeiro instrumento – “por 250 escudos, dinheiro que dava para comprar um burro e uma vaca, em Santiago”, afirma em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens. Em 1971, emigrou para Portugal. “Comprei logo duas concertinas, novas, e comecei a mexer nelas”, atividade que nunca mais deixou, tornando-se um dos seus meios de subsistência, depois de ter deixado o trabalho de pedreiro, que durante alguns anos exerceu. À parte tocar e reparar acordeões, Julinho cultiva uma das muitas hortas que dão um ar rural à Quinta da Laje, bairro periférico do município da Amadora, onde reside.

A primeira vez que entrou em estúdio foi 1977, integrado no grupo África É, formado maioritariamente por santomenses. Em 1984, tocou gaita no LP Trapiche, de Alexandre Monteiro, disco em que aparece funaná tocado com gaita em pleno boom do Bulimundo, com o seu funaná elétrico e urbano. Mais tarde, com António Sanches e Tchota Suari, gravou Tchascan Ferro Gaita.

Em fins dos anos 1990, participou no espetáculo Fou Na Ná, do coreógrafo António Tavares. Colaborou também com o rapper moçambicano General D e atuou na Cimeira do Fole, em Águeda, Portugal, com um dos grandes nomes do acordeão no Brasil, o gaúcho Renato Borgheti. Só em 2000 gravoi o seu primeiro disco a solo, Nos Funaná. Em 2017, com produção de Celeste/Mariposa, sai Diabo Tocador.

Discografia

  • Tchascan Ferro Gaita, CD, Portugal, [déc. 1990]. Com António Sanches e Tchota Suari.
  • Nos Funaná, CD, Domingos Lopes Furtado, Amadora, 2000.
  • Diabo Tocador, Celeste/Mariposa Discos, 2017.

Ver e ouvir

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