Pipita Bettencourt

Por GN em

Pipita Bettencourt. Foto cedida por Mário Bettencourt

Pedro Romano Bettencourt

Mindelo, São Vicente, 1920 – Praia, Santiago, 1993

Instrumentista (cordas), professor

Pipita Bettencourt, depois de viver algum tempo no Sal como funcionário da empresa Salins du Cap Vert, no início da década de 1940 fixa-se na Praia, onde foi funcionário público e durante quase meio século marcou presença com o seu violão. Fernando Quejas recordava-o dos seus tempos ainda na Praia, que deixou em 1947 (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens).

Ao longo da década de 1950, “Pipita e seus rapazes” ou “Pipita e seu conjunto” são presença constante nas emissões da Rádio Clube de Cabo Verde (RCCV), como dá conta em várias edições a publicação Cabo Verde – Boletim de Propaganda e Informação, que costumava trazer nas últimas páginas a programação mensal da rádio.

Mais tarde, já na década de 1960, será O Arquipélago a trazer pistas sobre as atividades musicais de Pipita. Por exemplo, em 1965, num artigo que recapitula a história da rádio nascida na Praia, aparece numa lista de pessoas que participavam de programas ao vivo (O Arquipélago, 30.09.1965), entre as quais se incluíam Hermes e Angelo Lima, Jorge Monteiro, Fernando Quejas e José Quejas.

O mesmo jornal informa, cinco anos depois (02.04.1970), que numa festa de finalistas em que atuaram também Os Tubarões e o conjunto Pop [Pop Académico, supõe-se], “Viviane e Georgina Mello cantaram mornas com Pipita”. Sob a denominação Conjunto Doc Bay, as duas e Pedro Bettencourt atuaram novamente no mês seguinte, segundo a edição de 21.05.1970.

Pipita Bettencourt. Foto cedida por Mário Bettencourt

Pipita, entre a década de 1960 e a seguinte, teve muitos alunos em sua casa no Plateau, por onde passaram vários futuros músicos, sem contar os próprios filhos: Russo (Mário Bettencourt, baixista d’Os Tubarões), Pepey Bettencourt e Kim Bettencourt, membros do Simentera). Russo recorda o seu rigor no ensino, atento ao tempo, à métrica, à disciplina, à postura… (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens). Outro músico ligado às cordas na família é Humbertona, seu sobrinho.

Depois da independência, Pipita solicitou apoio do Ministério da Cultura para construir uma escola mas, sem resultados concretos, a partir de certa altura desiludiu-se com essa atividade. Para além das gravações que terá feito na RCCV, não deixou obra gravada. A sua composição “Solona d’ 4” aparece no CD Raíz, o primeiro do Simentera.

error: Content is protected !!