Tazinho

Por D O em

Tazinho: antes de gravar seu primeiro disco, foi solista no LP Cabo-Verdianos na Holanda, de 1965. Foto cedida por A Semana

Protásio Fortes Brito

Povoação Velha, Boa Vista, 1932

Instrumentista (violão), compositor

Violonista com discografia produzida desde os anos 1960, entre Holanda, Portugal e Estados Unidos, Tazinho tem no seu repertório composições próprias em diferentes géneros, como bolero, valsa e koladeras, além de temas bem conhecidos do cancioneiro cabo-verdiano. Também o fado e um tema do português Carlos Paredes aparecem no seu repertório. Antes de gravar o seu primeiro álbum a solo, aparece como solista do Cabo-Verdianos na Holanda, nome de grupo e do primeiro disco editado por Djunga de Biluca em Roterdão, em 1965, pontapé de saída para a futura Morabeza Records. Tazinho aparece também na direção musical, ao lado de Frank Cavaquinho, e como autor de três composições.

A partir daí, saem um EP e três LP seus pela Morabeza Records, Hora di bai (1968), Dia grande (1969) e Sucessos Tazinho (1969), os dois primeiros com acompanhamento de Toy d’ Bibia (violão), Frank Cavaquinho (cavaquinho) e Morgadinho (baixo). Chico Serra é referido na capa mas não tocou. Estava no estúdio e o seu nome acabou por ser incluído, segundo Djunga de Biluca (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens). Sucessos Tazinho tem acompanhamento de Luís Morais (numa das raras ocasiões em que este aparece a tocar flauta); Eduardo Jon Xalino (violão); Frank Cavaquinho (cavaquinho) e Djunga de Biluca (chocalho) – dados que, contudo, não se encontram na capa do disco e que são recuperados por Francisco Sequeira, responsável do arquivo discográfico da Rádio de Cabo Verde em São Vicente (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens).

Tazinho. Foto cedida por Voginha

Além dos discos editados na Holanda, Tazinho edita dois EP em Portugal, pela Alvorada. Depois há um intervalo de cerca de década e meia nas suas gravações. Em 1976, o músico, que desde a juventude trabalhou como marítimo – foi sempre entre uma e viagem e outra que gravou os seus discos –, fixa-se nos EUA, ficando a residir em New Bedford. É em 1984 que reaparece em disco, com o single Tazinho and Os Bravos. Nessa altura, decidido a aprimorar-se como instrumentista, tem aulas com Young Boboy, maestro e saxofonista cabo-verdiano-americano, que irá aparecer nos arranjos no álbum seguinte de Tazinho, Pleno (1986). Este disco conta com acompanhamento de Paulino Vieira (piano, baixo, bateria, cavaquinho, chocalho, guitarra e arranjos) e Toy Vieira (cavaquinho, sintetizador).

Tazinho nasceu numa família com vários instrumentistas, entre os quais o seu irmão mais velho, Mendonça, que foi uma das suas influências ainda na infância. Assim, começou cedo o seu aprendizado. Ainda adolescente, mantém contacto com músicos experientes da Boa Vista, como Bentinho Évora, Nenezinho, Fidjinho d’ Chiquinha, e, sobretudo, Luís Rendall, cujos solos aprende, além de acompanhá-lo com frequência. A certa altura, conta o seu filho Voginha (A Semana, 30.06.2006), ao ouvi-lo solar um dos seus temas, Rendall diz ao jovem que não quer que ele toque os seus solos, mas que toque os seus próprios. Ofendido, o aprendiz responde que nunca mais tocaria um solo do seu mestre, e assim o fez. Muito mais tarde, reconhece que aquela atitude era um estímulo para que criasse as suas próprias músicas.

Aos 14 anos, Tazinho iniciou-se na vida marítima, que veio a ser a sua profissão por muitos e muitos anos, inicialmente entre as ilhas, mais tarde em navios de longo curso. Foi nesse contexto que se encontrava em Roterdão em 1965 quando, entre o grupo de conterrâneos que se reúne para tocar em casa de Djunga de Biluca, surge a ideia de gravar um disco.

Discografia

  • Tazinho, EP, Casa Silva, Roterdão, c. 1966.
  • Dia grande, LP, MR, Roterdão, c. 1967.
  • Hora di bai, LP, MR, Roterdão, c. 1968.
  • Sucessos Tazinho, LP, MR, Roterdão, 1968. Reeditado em CD, [?] sob o título Tazinho in Holland – 1965.
  • Cabo Verde, EP, Alvorada, Porto, 1969.
  • Tazinho e violão – Música de Cabo Verde, EP, Alvorada, Porto, 1970.
  • Tazinho and Os Bravossingle, Sadbirds Records, New Bedford, 1984.
  • Pleno, LP, e/a, New Bedford, 1986.
  • Coragem – regresso de Tazinho, CD, [?], New Bedford, 2005.
  • Santa Mónica, CD, ed. do autor?, New Bedford, 2006.

Composições

Cabo Verde; Canal di Biscaya; Coladeira by Tazinho [sic – título indicado na capa]; Corpim sabe/Fazem corpim sabe (parceria com Manuel d’Novas); Leonilda; Maly; Mau tempo; Ou tarde ou nunca; Pa Djêdje.

Ouvir

Colaborou na pesquisa: Francisco V. Sequeira

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