Dany Mariano

Por GN em

Dany Mariano. Fonte: Facebook/Dany Mariano

Daniel Figueira Lopes da Silva Mariano

Mindelo, São Vicente, 1956

Compositor, cantor

Embora conhecido como compositor de alguns temas que são clássicos da música de Cabo Verde, Dany Mariano considera-se em primeiro lugar um cantor, que começou a compor “por necessidade de libertar os meus sentimentos”, como refere.

Fez parte, como vocalista, de vários grupos efémeros em São Vicente, como Los Metralhas, Revolução, Pedra d’Calçada, Kings –  este mais duradouro – e Gota d’Aga, que no início dos anos 1980, a partir das suas atuações na Galeria Nho Djunga, que era o seu ponto de encontro, deu origem ao festival da Baía das Gatas, num momento em que esses jovens músicos ansiavam por inovar a música cabo-verdiana, introduzindo elementos que mexessem com o padrão excessivamente conservador das composições e da interpretação. Uma geração que ouviu Beatles, Roberto Carlos e Pink Floyd, e também música erudita e jazz.

Dany Mariano e Manuel d’Novas à frente do grupo em que se encontram, entre outros, Humbertona, Luís Morais, Morgadinho, Tito Paris e Chico Serra. Festa dos 140 anos do Mindelo. Foto cedida por Dany Mariano

Pela mesma altura, Dany Mariano grava a solo o LP Raízes, com temas próprios, que anos mais tarde Vasco Martins irá classificar como revolucionário, no qual o artista “argumentou as suas ideias musicais relativas à morna e à coladeira”. Um disco “aconselhado para aqueles que, precisamente, procuram as ‘raízes’”, escreve o músico num artigo em A Semana (08.12.2000). Martins considera-o, como compositor, um inovador na morna, pelos “acordes estranhos” que lhe introduz; e pela improvisação no canto, por “uma poesia simbólica, com cores ambientais de Cabo Verde” e melodias “elegantes, inspiradas”.

Dany Mariano trabalhou durante muitos anos na área administrativa no setor privado, até reforma-se. A música, contudo, esteve sempre presente.

Os seus temas encontram-se gravados por artistas de diferentes gerações e estilos, de Jorge Sousa e Fantcha a Mo Green, no universo rap, que utilizou sampler de “Mundo ca cre”, passando, entre outros, por X-treme e Ceuzany. Composta em uma parceria com Manuel d’Novas, “Vida tem um sô vida”, gravada por Cesária Évora, faz parte da banda sonora do filme O testamento do Senhor Napumoceno, embora à revelia do artista, com o seu nome errado e com um título diferente (“Noiva de madrugada”). A koladera “Gata morena”, por sua vez, além de gravada por Tito Paris, recebeu uma versão ao estilo kizomba por Iolas Pires e outra como merengue pelo artista Marcos Caminero, da República Dominicana.

Dany Mariano vem de uma família de artistas e intelectuais, como Gabriel Mariano e Dante Mariano e Baltasar Lopes da Silva.

Dany Mariano como vocalista do Gota d’Aga, no festival da Baía das Gatas, 1984. Foto cedida por Dany Mariano
Sarau cultural com os Kings na Praça Estrela, na comemoração da independência de Cabo Verde a 5 de julho de 1975. Foto cedida por Dany Mariano

Discografia

  • Raízes, LP, ed. do artista, São Vicente, 1982.
  • Dany Mariano, CD, edição do artista, São Vicente, 2018.
  • Participação no CD Saxophonia’s, 2014, de Adriano Santos.

Composições

Febre de Mota e Corre; Fidjo qui Parti; Flor di nos Revolução; Gata morena; Joana Poss; Mi Ê Dode Na Bo Cabo Verde; Mundo ca Crê; Na Estrada da Europa; Nesse bo Jardim; Nova Vida; Ondas di Bô Corpo; Padrim um Ca Tem; Ptâ Dia ta Dfícil; Sandy; So Fora de Traboi; Vidam tem um so vida (parceria com Manuel d’Novas).


Ver e ouvir

https://www.youtube.com/watch?v=MnTqfYQYXMw&list=RDMnTqfYQYXMw&index=1
error: Content is protected !!