Zé Henrique
José Henrique Rocha Cabral
Praia, Santiago, 1961- Praia, Santiago, 2012
Compositor
Autor de cerca de uma centena de músicas, poucas delas gravadas. Um compositor peculiar, que gostava de funanás lentos e não fazia rimas, porque estas lhe tiravam a liberdade. Aliás, isso era motivo de descomposturas de Ano Nobo: “Sempre lhe mostrava as minhas composições. Ele sempre brigava porque eu nunca ligava às rimas, que ele tanto gostava. Mas eu gosto de compor com liberdade. Eu tenho composições com rima, mas nem sempre obedeço”, disse em entrevista à jornalista Matilde Dias. O seu contacto com Ano Nobo vinha não só da música mas também do facto de terem sido colegas nas Obras Públicas, até 1979. Mais tarde, Zé Henrique passou a ser desenhista de projetos de arquitetura.
Nos anos 1980, época em que o concurso para revelação de talentos Todo o Mundo Canta mobilizava a juventude cabo-verdiana, o compositor forneceu mais de 20 músicas a diferentes concorrentes do seu bairro na cidade da Praia, Calabaceira. Uma composição sua esteve entre as quatro que Mayra Andrade apresentou nos Jogos da Francofonia, em 2001, quando venceu este concurso, no que foi o momento fundador da sua carreira.
Como intérprete, Zé Henrique deu-se a conhecer apenas entre amigos, e lamentou por várias ocasiões não ter conseguido gravar um disco.
Zé Henrique começa a tocar violão com Manuel de Candinho, ainda adolescente. “Andando rápido e assobiando, ele passou junto à porta da casa da minha irmã, onde eu me encontrava de violão na mão. Sem mesmo saber o meu nome, perguntou-me se estava disposto a ensinar-lhe a tocar. Cativado pela sua simpatia, acedi e mostrei-lhe algumas notas que depois transformei em acordes. Nesse momento nascia uma amizade muito especial”, recordou Candinho por ocasião do seu falecimento ao jornal A Semana (16.09.2012). Na altura, chegaram a formar um grupo com outros adolescentes.
Composições gravadas
Agul tchada; Angelina; Disabensa; Santiago autónomo; Tabanka Tomba Toro.
Colaborou na pesquisa: Matilde Dias