Black Power

Por D O em

Black Power. Da esq. para dir.: Norberto, Zé, Djô, Djon e Manuel

Grupo, 1974 – 1979

Black Power surge no início dos anos 1970, em Lisboa, na mesma época em que estavam ativos Os Apolos e África Star. Típico grupo de baile, o seu repertório era eclético, indo de temas cabo-verdianos tradicionais e outros da vaga revolucionária ao pop em voga na época e músicas latino-americanas. “Tocávamos em muitos clubes no Barreiro, Almada, Lisboa… Às vezes a gente ia ao norte ou ao sul de Portugal. Era um grupo muito bem aceite, não só pelos cabo-verdianos mas também pelos portugueses, nosso repertório era variado, muita música em inglês, espanhol, brasileiras”, recordaria anos mais tarde Norberto Tavares (Cabo Verde & a Música Dicionário de Personagens), que era o organista. 

O grupo gravou em nome próprio e também acompanhando outros artistas. Com Nho Balta, aparece em Oh África (1977) e no EP que tem de um lado “Tartaruga” e do outro “Nos Cabo Verde de esperança” (com Norberto Tavares), tendo com esse intérprete viajado para a Holanda. Mas acaba por haver divergências porque Nho Balta era de uma linha mais conservadora e os músicos do Black Power tinham uma tendência mais pop.

Segundo José Sanches Tavares (Zé, guitarra ritmo), a primeira formação contava, além dele próprio, com: Djô (voz), Manuel Teixeira (baixo), João Emanuel Duarte “Djon” (bateria), Norberto Tavares (órgão) e Jimmy (guitarra). Este último fica pouco tempo e nem sequer está no disco, embora apareça na foto da capa (feita durante um ensaio). Em 1975, “quando íamos gravar o nosso primeiro LP, sugeri aos rapazes falar com Cacá, do conjunto Os Apolos, que ficara em Lisboa depois da partida do grupo para a França”, refere Zé (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens). Cacá participa na gravação mas não aparece na capa do disco porque esta já estava pronta, explica o guitarrista. Esse primeiro LP, Black Power – Vol. 1, editado em 1976, é muitas vezes recordado como Supirinha, título de um dos temas. Encontra-se neste álbum a provável primeira gravação do ritmo do batuku (o tema “Mininus Teni Fomi”, de Norberto Tavares) por um grupo urbano e baseado em instrumentos elétricos.

Em 1976, gravam e lançam um LP só com mornas e coladeiras, “um presente para os portugueses que gostavam da nossa música” refere Zé, para quem o LP “não saiu muito bem, mas foi um dos discos cabo-verdianos mais vendidos em Portugal na altura”. Em 1977 sai Nos Cabo Verde di Sperança, título que vem do tema da autoria de Norberto Tavares e que se torna um ícone da sua carreira, continuando a ser tocado muitos e muitos anos depois, em datas comemorativas. Djon deixa o grupo depois da gravação, passando o baixista Manuel Teixeira a tocar bateria, enquanto Cacá passa para o baixo, sendo mais tarde substituído por Totó Tavares, irmão de Norberto.

Black Power is Back, o último álbum, conta com a presença de um novo membro, Teck, e foi gravado depois do regresso do grupo a Portugal, na sequência do período de cerca de um ano passado a viajar entre Espanha, Itália e Holanda. Como recorda Djô (Cabo Verde & a Música Dicionário de Personagens), numa viagem para a Itália e Bélgica, na volta três membros do grupo não conseguem entrar na Holanda e acabam seguindo para Portugal. Nesta fase, segundo Zé, gravam a acompanhar a artista angolana Tchinina e Carlos Pop. Em 1979, com a saída de Norberto Tavares, o grupo acaba por se desfazer.

Discografia

  • Black Power – Vol. 1, LP, VCV, Lisboa, 1976.
  • Mornas e coladeiras, LP, Arnaldo Trindade & Cia. Lda., Lisboa, 1976.
  • Nos Cabo Verde di sperança, LP, VCV, Lisboa, 1977.          
  • Black Power, EP, VCV, Lisboa, 1978.
  • Black Power is Back, LP, Do-La-Si/Electromovel, Lisboa, 1979. Reeditado na série Sodade II da Sons d’ África.

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