Eddy Moreno

Por GN em

Eddy Moreno
Foto cedida por Luiz Silva

Adolfo Silva

Mindelo, SV, 1918 – Paris, França, 1982

Compositor, instrumentista (violão)

Compositor, violonista e humorista, Eddy Moreno foi uma figura que percorreu mundo, seja como marítimo, seja levando o seu talento artístico a diferentes países. Desde muito jovem, Adolfo de Nho Jon Xalino foi um discípulo de B.Léza. Com ele e outros músicos, representou Cabo Verde na Exposição do Mundo Colonial em 1940, em Lisboa. Após o regresso a Cabo Verde, o espírito de aventura leva-o a obter uma cédula marítima e a partir novamente para Portugal. Em seguida vai para a Itália, onde permanece cerca de um ano, atuando com um grupo local. Regressa a Lisboa para tratar da sua carta profissional de artista. Aprovado no exame da Emissora Nacional, surge o título “Eddy Moreno, artista fantasista afro-brasileiro”. Em 1950, a irmã, Djuta Silva, parte de São Vicente para o encontrar em Lisboa. Dura cinco anos a carreira da dupla Irmãos Silva, que deixa o registo de um disco, dos primeiros gravados por cabo-verdianos em Portugal. Djuta casa-se, e Eddy Moreno continua a atuar como músico, acompanhando nomes de sucesso na altura em Portugal, como Max, Tony de Matos e os brasileiros Carmélia Alves e Alberto Ribeiro.

Foto da capa do LP “Nos Festa”

No fim dos anos 1950 e início dos 1960, faz digressões por África com a sua parceira Black Daisy – artista do teatro de variedades, com dotes de dançarina e cantora. Na passagem do duo por Cabo Verde (Praia e Mindelo), Black Daisy mereceu de Jotamonte a homenagem de Bô é morena, em que o compositorfala dos seus olhos de uva e da voz serena que canta mornas tão bem. Ao chegarem em Dacar, a tournée tem um fim inesperado, pois Eddy Moreno adoece e acaba por se fixar no Senegal, onde constitui família. Aí, atua como músico e ator e, durante os anos 1960, passará também algum tempo na Costa do Marfim antes de se fixar em Paris por volta de 1970. Trabalha como marceneiro e relaciona-se com outros músicos aí residentes, entre os quais Jovino dos Santos, chegando a participar num disco deste. O seu próprio disco a solo, Nos festa, irá gravá-lo pouco tempo antes da sua morte. Contém um choro intitulado Solo B.Léza, que é nada mais nada menos que o clássico brasileiro Odeon (Ernesto Nazareth), que o músico provavelmente terá conhecido, muitos anos antes, pelas cordas do violão de B.Léza.

A obra de Adolfo Silva como compositor não foi extensa e, para além das suas próprias gravações no seu único álbum, pouco se encontra disponível. O seu tema mais conhecido é Grandeza (título não só de uma koladera mas também duma peça teatral), que troça do pequeno-burguês cabo-verdiano que, no período colonial, partia cheio de si para uma temporada em Lisboa.

Discografia

  • Nos festa, LP, e/a, Paris, 1980.
  • Djuta Silva acompanhada por Adolfo Silva e Orquestra Belo Marques, EP, Estoril, Lisboa, [déc. 1950].

Composições

Grandeza; Nha terra… Mindelo; Moreninha; Grandeza di Djabraba (parceria com Júlio J. Pinheiro)

Ver e ouvir

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