Raul de Ribeira da Barca, Nho

Por GN em

Nho Raul de Ribeira da Barca, 1987. Foto: Marzio Marzot

Lourenço  Rosa Andrade

São Lourenço, São Filipe, Fogo, 1927 – Ribeira da Barca, Santa Catarina, Santiago, 2005

Instrumentista (cordas)

Nho Raul de Ribeira da Barca foi violinista sobretudo, mas tocava vários instrumentos de corda. Começou pela viola de 12 cordas, que começou a aprender por volta dos 8 anos, com o padre boavistense António Lima, que vivia com uma tia sua (Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens).

Por volta dos 20 anos, foi para São Tomé e Príncipe, onde durante dois anos trabalhou como auxiliar de enfermagem. Foi lá que conheceu a sua mulher, natural de Ribeira da Barca, e é essa a razão de Nho Raul, natural do Fogo, ter na alcunha o nome dessa localidade no interior de Santiago, onde ficou a viver até o fim da vida.

Dos 11 filhos que teve, todos os homens aprenderam a tocar. Liderados pelo pai, Raulinho, Nhela, Kilim, Tcheka e Betinho tinham de estar sempre a postos porque o grupo Pai e Filhos Andrade tocava tanto em festas como em funerais. Com os filhos a deixar a localidade, o grupo parou de atuar.

Nos seus últimos anos de vida, Nho Raul, reformado após 37 anos como fiscal da Câmara Municipal de Santa Catarina, já só tocava por gosto e não por necessidade. Dono de três barcos de pesca, recusava-se a ir para o mar. Dele, só queria a aragem fresca que aproveitava sentado à sombra, em frente de casa. Vez por outra, tocava no seu mítico violino alemão de 1700, que herdou do tio padre. Nho Raul não chegou a gravar.

Tocou em diversos países, entre os quais Senegal, Portugal, Alemanha e Moçambique. E teve uma participação no cinema, no filme Casa de Lava (1994), do realizador português Pedro Costa. No DVD que acompanha o álbum Nu Monda (2005) de Tcheka, diz não gostar da música que o filho faz, por não a compreender, mas admite que ele foi além do pai, pois toca a que Nho Raul lhe ensinou e a sua própria.

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