Voz di FARP

Por GN em

Voz di FARP: Zé Afonso, Ney Fernandes, Povinho, Pitrol, Gabi e Jorge Luís. Foto cedida por Ney Fernandes

Grupo, 1977 – 1979

Criado no âmbito da 1.ª Região Militar da Praia, o grupo Voz di FARP reunia militares, polícias e ainda alguns jovens que se encontravam no quartel a cumprir o serviço militar. É o caso do pianista Zé Afonso, que, por ser asmático, deveria ser dispensado, mas acabou designado para os serviços burocráticos, porque o grupo acabara de receber novos instrumentos e era preciso arranjar alguém para os teclados.

A formação inicial incluía Ney Fernandes (baixo, voz), Rebita (guitarra acompanhamento), Djosa (guitarra solo, vindo do grupo Os Caites, de São Vicente), Nicola (que nos anos 1990 veio a ser membro do Simentera, na percussão), Pitrol (bateria, mais tarde n’ Os Tubarões), Zé Afonso (teclados), Povinho (baixo), Zequinha Tcheco (vocalista, mais tarde, do Bulimundo), Gabi (sax tenor) e Leska (sax alto).

Em pleno pós-independência, seria de imaginar que o grupo, nascido no interior do exército, se destinasse a passar mensagens político-ideológicas de interesse do regime; e é verdade que, em 1979, venceu um festival de música na Praia com a composição “Dialética da luta” (de Ney Fernandes), um samba com letra a defender que a revolução se faça com atos concretos e não só com palavras.

Mas, acima de tudo, o Voz di FARP foi um verdadeiro grupo de baile, com todo o ecletismo que essa vocação exige. Tanto que o prémio gerou polémica, pelo facto de a composição não se encaixar nos padrões da música dita tradicional cabo-verdiana, como noticia o jornal Voz di Povo (14.03.1979). A única gravação realizada, uma pequena tiragem em cassetes, foi ainda numa fase embrionária, antes da aquisição dos instrumentos elétricos.

Voz di FARP numa atuação (foto cedida por Ney Fernandes). À direita, Rebita (fonte: Voz di Povo)

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