Antão Barreto

Por GN em

Antão Barreto. Foto: Marzio Marzot

Antão Barreto Martins

Achada Ponta, Santa Cruz, Santiago, 1919 – Santa Cruz, Santiago, 2017  

Instrumentista (gaita)

Tocador de gaita, foi célebre no interior de Santiago, em meados do século XX, como animador de festas de casamento, batizados e dias santos. Teve como discípulos nada menos que Codé di Dona e Sema Lopi, que mais tarde se tornaram as principais referências do funaná tradicional, tocado com ferro e gaita. Ao referirem a sua iniciação no instrumento, ambos recordam o mestre, que iam ouvir no seu local de residência, Achada Ponta. “Sozinho, fui imitando a mãozada de Antão Barreto”, afirma Codé di Dona em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens.

Barreto, por sua vez, aprendeu sozinho, escondido e com mais de 20 anos, pois nem o pai nem o irmão, que tocavam e tinham as suas gaitas, permitiam-lhe tocar nelas, recorda em depoimento à revista Santa Cruz (julho 2007). Na entrevista, o tocador e agricultor fala dos seus tempos no exército colonial, na juventude, quando viajou para as ilhas do Fogo, Brava e São Vicente. Foi, aliás, no Mindelo, segundo o seu relato, que o escritor Baltasar Lopes da Silva lhe ensinou a escrever o nome.

Se há gravações de composições de Antão Barreto, não aparecem em seu nome, o que é habitual em se tratando de músicos do género, que criam as suas obras a improvisar letras e melodias e estas, passado esse momento, ou são esquecidas ou caem no gosto popular, tornando-se um património comum cujo autor permanece muitas vezes anónimo. Nos 30 anos da independência de Cabo Verde, a Câmara Municipal de Santa Cruz atribuiu-lhe um diploma de honra ao mérito, pela sua contribuição à cultura. 

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