Calu di Guida

Por GN em

Calu di Guida. Foto cedida por Terreru Music

Carlos Alberto Gonçalves Moreno

Instrumentista (guitarra), compositor, produtor musical

Boa Vista, São Domingos, 1965

Calu di Guida, natural de São Domingos, teve contato bem cedo com a música, pela familiaridade com figuras como Codé di Dona, Ntóni Denti d’ Oru e Ano Nobu, estes dois últimos compadres da sua mãe, que era prima da mulher de Ano Nobu. O músico recorda-se também de Rico Preta, um vizinho tocador de gaita, tendo sido este o primeiro instrumento que se lembra de ouvir (entrevista a Cabo Verde & a Música – Museu Virtual, maio 2021). Como compositor, a sua referência é Ano Nobo, de quem se considera um discípulo. 

Apesar da proximidade com esses artistas, a mãe, como acontece em muitas famílias, tinha restrições à prática musical e não queria que ele tocasse qualquer instrumento, por encarar a música como divertimento associado ao consumo de bebidas alcoólicas e não a coisas sérias. Calu, então, gravava as tocatinas. E observava. Foi ficando com uma ideia da escala do violão, depois aprendeu algumas coisas com Dick d’Anu Nobo (filho do compositor) e outros colegas de liceu, como Kiki e Orlando Pantera. Com este último, foi assistir aulas de violão com o professor Kubala, no gimnodesportivo da Praia.

Em 1989, Calu di Guida partiu para os Estados Unidos, onde reside desde então e onde participou de vários grupos, além de outras atividades musicais. Foi o guitarrista da primeira fase do La Tour, a convite de Zé Galvão. O grupo incluía Zé Azancoth, Pulonga, Philipe Monteiro, Patchely e Luís Karantonis. Calu participou na gravação do primeiro álbum do grupo, que acabou por não ser editado.

Calu di Guida. Foto cedida por Calu di Guida

Na sequência, com Galvão, que também saíra do La Tour, entrou no Uprising (grupo com várias formações ao longo do tempo mas que nessa época incluía Bardot, Julinho, Adriano e Patchely, além dos recém-chegados), atuando como guitarrista e produtor musical. Aí esteve de 1994 a 1997. Calu é autor de quatro composições gravadas pelo grupo – “Linda”, no disco Paranoia; “Passada Rabentola”, “Melissa” e “Manu Prera”, no disco Rabentola.

Calu di Guida esteve também n’Os Pecos Band (com Izildo, Zito, Calu Bana, Luís, Gau Salgado e Jorge Monteiro), e participou na gravação do álbum Belêm, como guitarrista e produtor musical.

Como instrumentista, acompanhou Norberto Tavares numa digressão a Portugal, em 1995, e entre 1996 e 1997 acompanhou Chandinho Dedé numa tournée que os levou a Portugal, Cabo Verde, Holanda, França e Luxemburgo. Tocou também com Zeca nha Reinalda, Beto Dias, Fantcha, Gardénia Benrós e Jacqueline Fortes, entre outros.

Como produtor musical, trabalhou em discos de Zé Galvão, Calú Bana, todos os álbuns de Gau Salgado – Salgado, Primavera, Sistema (single), Tchapu Tchacoleta, Bali Pena – e todos gravaram músicas da sua autoria, tendo participado também como guitarrista.

Em 2006, Calu di Guida produziu Midju Terra, que inicialmente era um projeto seu com Jorge Pimpa, com a ideia de juntar guitarra e gaita. Tchuni Preta canta quase todas as músicas, sendo que uma delas, “Bida koitadu”, um batuku, é interpretada por Calu. Desentendimentos com o vocalista levaram Calu a abandonar o projeto antes do fim e o disco saiu como um álbum a solo de Tchuni Preta. Seis composições são de Calu di Guida: “Midju Terra”, “Palanca”, “Três Maninho”, “Kunoti”, “Kapoku” e “Bida koitadu”.

Composições suas já foram gravadas por artistas como Maria de Barros, Rosa Mestre, Gutty Duarte, Calú Bana, Gau Salgado, Nataniel Simas, Zé Galvão, Desiree Fernandes, Zeca di Nha Reinalda, Vargas Monteiro, Adel Lopes, Pulonga Bita, Julinho Teixeira, Adriano Goncalves, Paulo Pires/ Augusto Pires Bardot e Patchely e Maruka Tavares. Muitas outras permanecem inéditas.

Apesar desse longo percurso, Calu di Guida não é um músico a tempo inteiro, dedicando-se profissionalmente ao sector financeiro.  Desde 2021, faz parte do grupo Terreru Music, com Jacinto Fernandes, Maruka Tavares, Djinho Barbosa e Djoy Amado.

Calu di Guida esteve ligado à criação da escola de música de São Domingos, quando a pedido do então presidente da Câmara Municipal, Franklin Tavares, organizou um evento para arrecadação de fundos e conseguiu a doação de um grande número de instrumentos musicais. O nome, escolhido por Calu, foi Dona Mendi-D’oru Mendi, homenagem aos artistas veteranos do concelho.

Composições

Amor incondicional; Angela de Praia Branca; Bali Pena; Bedja; Bon madrasta; Cabo Verdi ka ten crise; Concedju; ; 14; Di Santo; Fé; Febreru ku denti D’oru; Funana ka ten frontera; Funana Ramedi Terra; Gamboa (parceria com Calú Bana); Grogu; Impossível ka tem; Love forever; Ma Iva; Meh pa fla; Nobu, tudu sta na bu mó; Ovo D’ Ouro; Passada Rabentola; Praga tataruga; Preto é mi; Prima Vera; Salgado Nha Mana; São Domingos; Sistema; Sistema; Tempu; Pa ka txoman dodu; Trokadu Vinti Meres; Txapu txakoleta; Txuba; 24 horas; Zig zag.

Ver e ouvir

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