Kaoguiamo

Por GN em

Kaoguiamo. Fonte capa do LP “Korda Skrabu!”

Grupo, 1973 – 1975

Teatro e música como armas para a independência das colónias portuguesas. Foi este o papel do Kaoguiamo, grupo formado em Paris com o objetivo de despertar a consciência dos imigrantes e conquistar apoio internacional para as lutas de libertação que se desenvolviam então – daí o nome do grupo ser uma sigla incluindo Cabo Verde, Guiné, Angola e Moçambique.

Nascidos em Dacar, de pais cabo-verdianos, os irmãos Tony Lima e Jorge Lima, Diana e José Eduardo – estudavam em Paris desde a década de 1960, tendo aí vivido os episódios de revolta do maio de 1968. Já como militantes do PAIGC, trabalhavam na alfabetização de imigrantes e tentavam organizá-los, estando na origem da associação cabo-verdiana criada na altura na capital francesa. O passo seguinte foi a criação do Kaoguiamo, após a morte de Amílcar Cabral. Inicialmente o grupo incluía, além dos irmãos Lima e das primas Adélcia e Filomena Barreto, Abel Lima, Alice Sainte-Luce, o angolano Bonga e o congolês Marcel Ibaliko, mas os dois últimos não ficam até ao fim.

Texto da capa do LP “Korda Skrabu!”

Musicalmente, o grupo não se insere num estilo específico, mas reúne influências várias e produz canções cujo suporte instrumental se baseia no violão de Tony Lima e na percussão, com Jorge Lima na tumba e Abel Lima no reco-reco. E as vozes, de todos, a solo e em coro.

Kaoguiamo teve uma única obra: a peça teatral Korda Skrabu! – com texto, coreografia e a maior parte das composições da autoria de Tony Lima –, cujo alinhamento musical foi editado pelo PAIGC num LP com o mesmo título, gravado na Holanda.

Na altura da independência de Cabo Verde, apresentam-se na Praia, em São Vicente e em Santa Catarina, além de Dacar e Bissau. A partir daí, já sem razão de existir – o que importava não era produzir arte, mas passar uma mensagem –, os seus membros dispersam-se, alguns deles passando a viver no país recém-independente.  

Discografia

  • Korda Skrabu!, PAIGC, Bissau, 1974 (reedição em CD: Manuel Socorro da Silva, Brockton, 1999).

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