Amílcar Cabral

Por GN em

Amílcar Cabral – ilustração da capa do LP Korda Scrabu, do grupo Kaoguiamo

Amílcar Lopes Cabral

Bafatá, Guiné Portuguesa, 1924 – Conacri, Guiné Conacri, 1973

Compositor, personagem

O fundador do PAICG e líder da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde, para além da sua atuação política, que culminou na independência das duas colónias portuguesas, teve uma vasta produção intelectual. No campo científico, escreveu textos na sua área de formação, agronomia. Como ensaísta, é considerado um dos mais importantes pensadores africanos do século XX, apostando na cultura como forma de luta e afirmação nacionalista.

As ideias de Cabral quanto ao papel da cultura na luta de libertação foram determinantes para várias iniciativas musicais na época, como por exemplo o LP Música Cabo-Verdiana – Protesto e Luta, editado pelo PAIGC, e, anos antes, o primeiro LP cabo-verdiano editado na Holanda: Caboverdianos na Holanda. O texto da capa, da autoria de Djunga de Biluca, é bastante incisivo e de teor político: “… é nas nossas músicas que exprimimos o que a boca não diz, o que a mão não escreve. A ira muda, o asco mudo, o desespero mudo…”. Refira-se ainda o uso da música (mornas e koladeras) como instrumento para a conscientização, caso das composições da autoria de combatentes da luta pela independência, como Abílio Duarte, Luís Fonseca e Waldemar Lopes da Silva, entre outros.

Amílcar Cabral teve alguma produção poética, da qual resultou uma composição, com letra em português e música do angolano José Agostinho, que o inclui no rol dos compositores da música de Cabo Verde, onde passou a infância e adolescência e de onde eram originários os seus pais. Trata-se de Regresso…”, poema que aparece publicado no nº 2 do Cabo Verde – Boletim de Propaganda e Informação (novembro de 1949). Esta composição veio a ser um sucesso na voz de Cesária Évora, em dueto com o brasileiro Caetano Veloso. Anteriormente fora gravada por outra voz brasileira, Alcione, com o título “Mamãe velha”. Teté Alhinho, por sua vez, deu também a sua versão da composição.

Selo emitido nos 30 anos da independência de Cabo Verde

Muito maior do que como compositor é a presença de Amílcar Cabral na música cabo-verdiana como personagem histórico, melhor dizendo, como herói: não só é citado, em particular por ocasião do seu assassinato, em muitas das composições engajadas do pré e pós-independência como tem sua imagem estampada em várias capas de discos.

Foi batizado com o seu nome de guerra, Abel Djassi, o grupo infantojuvenil que durante anos foi uma verdadeira “incubadora” de talentos musicais. Em 2003, sai a compilação Evocação de Amílcar Cabral no Folclore Cabo-Verdiano, organizada e editada por Alberto Rui Machado.

Composição

Regresso (poema musicado por José Agostinho)

Discografia alusiva a Amílcar Cabral

  • Evocação de Amílcar Cabral no folclore cabo-verdiano (coletânea), Alberto Rui Machado, Lisboa, 2003.

Álbuns com amílcar cabral na capa

  • Kings, EP 1 de junho – Dia Internacional da Criança, 1979.
  • Nho Balta ma Voz de Pove, LP Terra Livre, 1983.
  • Kaoguiamo, LP Korda Scrabu, 1973.
  • Vários artistas, LP República Guiné-Bissau, ?

Algumas composições cujas letras falam de Amílcar Cabral

  • “Amílcar Cabral” (Nanhe d’Guida) – LP Telegrama, de Nanhe d’Guida.
  • “Amílcar Cabral” (Tony Lima) – LP Korda scrabu, Kaoguiamo.
  • “Cabral ca mori” (Daniel Rendall) – LP Pépé Lopi, Os Tubarões.
  • “Cabral-Vietnam” (Manuel Faustino) – LP La Colosa, Voz de Cabo Verde.
  • “Diogo e Cabral” (Mário Lúcio) – Mário Lúcio, CD Badyo.
  • “Es mata Cabral” (José Carlos Schwarz); Mata Cabral (José Augusto) – LP Independência, Voz de Cabo Verde.
  • “Es matabo só por inveja” (Pedrinho) – LP Nhós déxa de conta mintira, de Pedrinho.
  • “Viva Cabral” (Zé Carlos) – EP Batuque é feitiço, de Maiúka Marta.
  • “Cabral 1924-1973” (Abel Lima); “Cabral grita” (autor não identificado); “Verdade de Cabral” (Armindo Pires); “Janero na Conacry” (Pedro Rodrigues/Nho Balta) e todos os outros temas da coletânea Evocação de Amílcar Cabral no folclore cabo-verdiano.
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