Américo Brito

Por D O em

Américo Brito. Fonte: Facebook

Américo Elias Silva Brito

São Filipe, Fogo, 1958 – Roterdão, Holanda, 2023

Cantor, compositor

Filho de um chefe da polícia, Américo Brito estudava engenharia em Portugal, em 1976, quando foi chamado para o serviço militar – carreira sonhada pelo pai para pelo menos um dos filhos. Contudo, as lembranças da Mocidade Portuguesa e do ambiente militarista vivido em família levaram-no a desertar, na primeira oportunidade. Como muitos conterrâneos, partiu para a Holanda fazer a vida de marítimo. No navio em que trabalhou, havia outros cabo-verdianos que tocavam violão, mas ninguém cantava. Então, começou a cantar mornas, embora gostasse muito de fado e de reggae.

Na infância ouvia a mãe tocar piano, mas só foi se interessar por música no período passado em Lisboa, quando ia ver os ensaios do Black Power, grupo liderado por Norberto Tavares que tinha Djô como vocalista. Eu era rapazote, tocava percussão; eles diziam, porque não cantas? Tens boa voz!, relata em Cabo Verde & a Música – Dicionário de Personagens.

Já fixado em Roterdão, numa altura em que o desaparecimento do Voz de Cabo Verde deixara um vazio naquela comunidade, Américo Brito, com outros jovens, criou um efémero grupo musical, Os Magníficos. Em 1979, fundou o Babylon, que abandonou ao partir para Portugal gravar o seu primeiro trabalho a solo, Xintado na Pracinha. Esta obra foi, segundo o produtor, Armando Carrondo, um dos maiores êxitos da longa lista de discos cabo-verdianos que editou em Portugal nas décadas de 1970 e 1980, também segundo o dicionário musical. Nos anos seguintes, Américo Brito veio a gravar outros discos, com um repertório eclético que vai dos ritmos tradicionais cabo-verdianos ao zouk, passando pelo samba e reggae. Integrou ainda os grupos Djarama (II) (criado na Holanda; não confundir com o das FARP, na Praia) e o Survivor.

A partir de 1988, começou a atuar sozinho, contratando eventualmente músicos para o acompanhamento. Com um repertório de música cabo-verdiana acústica, profissionaliza-se, integrando habitualmente programações de instituições culturais holandesas.

Em tempos mais recentes colaborou com o grupo Arp Frique & Family.

Discografia

  • Xintado na pracinha, LP, Electromovel, Lisboa, 1980.
  • Control na Schipol, LP, edição de autor, Roterdão, 1980 (com o grupo Babylon. Em Portugal sai pela Electromovel).
  • Nha destin, LP, edição de autor, Roterdão, 1983 (Américo Brito and Djarama).
  • Fidjo di miseria, LP, Brandão Records, Roterdão, 1989 (com grupo Survivor. Em Portugal, Zé Orlando distribui com o título Survivor simplesmente).
  • Amor di mi cu bo, CD, edição de autor, Roterdão, 1993.
  • Noti de morabeza, CD, edição de autor, Roterdão, 2011.
  • Participação no disco de Tunis di Lalá Cabo-verdianos longe da terra (1995) e nos álbuns coletivos Crianças di terra (para ajudar crianças carenciadas de Cabo Verde), Unidos pa Saninclau (de apoio às vítimas da chuva de 2010) e Sentimento caboverdiano.

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